Quando se está no mercado de inovação e tecnologia, algumas conquistas demonstram a evolução da empresa que você carrega no peito: o lançamento do produto, o primeiro cliente, o escritório que cresce, a primeira ida ao Silicon Valley, em San Francisco (EUA), e a participação no Web Summit, em Lisboa, são alguns exemplos. Participar deste imenso evento como espectador já é uma experiência que engrandece. Imagine ser um entre apenas quatro brasileiros palestrantes em um universo de 1200 speakers.
São mais de 70 mil espectadores que viajam pelo mundo para estar presentes nos quatro dias de troca de conhecimento e experiência únicas. Lá, tive a oportunidade de falar sobre as pequenas e médias empresas brasileiras e como a tecnologia está transformando o cenário delas no país. Ser o único representante de um software ERP integralmente nacional e poder contar sobre essa camada tão importante da nossa economia foi algo especial. Os aprendizados foram diversos, pois quando se está aberto a absorver outras visões, você sai com muitas respostas, mas com muito mais questões para olhar para dentro e evoluir.
Durante esses dias pude participar de uma ação que era quase uma maratona de encontros com investidores. Mesmo não estando em busca de uma rodada, essas conversas são muito positivas, pois uma das maiores dores que uma empresa pode ter é não ser conhecido por esse stakeholder tão importante. Quando se realiza essa apresentação prévia, muitos caminhos se encurtam e a chance de um sucesso mais rápido na captação aumenta. Esse é um exercício cansativo, pois você pode falar com muitos investidores seguidamente, então possuir uma estrutura de temas importantes para falar pode te ajudar no momento de destacar suas ideias e feitos.
Como a feira possui um espírito de mutação constante, bem característico nas empresas de tecnologia, ela possui uma dinâmica em que as startups presentes com balcões e stands mudam entre os dias, assim um número grande de ideias é apresentado para os visitantes. Muitas dessas ideias são embrionárias e não se sabe se terão sucesso, mas há alguns anos a Airbnb era tida como loucura e hoje é a maior rede de hospedagens do mundo, então você pode cruzar com futuros unicórnios que ainda engatinham.
Participar como palestrante foi outro momento de aprendizado. Mesmo tendo alguma experiência em palestrar, estar em outro país com um público totalmente novo foi algo especial, pois cria uma tensão extra que se transforma em orgulho por poder representar o Brasil em um evento tão único. Ouvir de pessoas que o projeto realmente possui um impacto e que existem outros exemplos ao redor do mundo é recompensador.
Ver a palestra do Edward Snowden, que falou sobre a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) que entra em vigor no meio de 2020, foi importante, pois, por mais controversa que seja a figura dele, ele passou uma visão sobre como devemos tratar o tema não como proteção de dados, mas sob a ótica de coleta de dados. A questão principal deveria ser como se consegue os dados e não sobre com quem se compartilha as informações. Não que isso não tenha relevância, mas essa outra ótica teria um impacto maior na vida das pessoas.
Por fim, não podemos deixar de fora a supremacia quântica do Google e os robôs. Esses temas estiveram presentes também e mostram como estamos próximos de uma nova revolução. A nova forma de processar dados vai ser algo incrível e fez com que o setor saísse de um cenário teórico para algo palpável. Isso impacta na Lei de Moore, que fala sobre os computadores que ficam melhores e mais baratos conforme o tempo , algo que tinha quase parado nos últimos anos. Essa novidade – mesmo que não pareça nesse momento, pois o custo ainda é inatingível – faz essa roda voltar a girar.
Os robôs da Boston Dynamics também estiveram presentes para uma demonstração de seu primeiro modelo comercial. A empresa, que ainda não gerou nenhum dólar de receita, começa a caminhar para isso e indica uma tendência muito forte.
É incrível como cenário de tecnologia move multidões e se torna ainda mais relevante todos os dias. As pessoas começam a entender como a vida delas serão impactadas e as empresas compreendem que,no fim do dia, se o negócio não mudar a vida das pessoas, significa que ele é inevitavelmente limitado.