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Tenho uma filha de aproximadamente 3 anos e sempre digo que aprendo mais com ela do que o contrário. A última lição que minha pequena princesa tem me ensinado é a magia do questionamento como forma de confrontar ideias e aumentar sua base de conhecimento. As crianças começam a realizar questionamentos a partir dos 2 anos de idade como uma forma de ampliar seu conhecimento sobre o mundo novo em que vivem. Para a mente de uma criança tudo é aceitável, mas de uma coisa ela não abre mão: entender a razão das coisas. Essa é a maneira que elas possuem de entender como as coisas funcionam e começar sua preparação para a vida adulta. Alguns pais sentem-se extremamente pressionados nesta fase, em particular para explicar temas mais polêmicos ou comportamentos não convencionais. Não vou entrar aqui no mérito do que é certo ou errado um pai fazer nesta fase porque não é esse o objetivo do artigo, mas gostaria de chamar a atenção do leitor sobre como durante nossa vida deixamos de fazer coisas que até uma criança sabe que é importante: questionar.
Quando ficamos adultos, diferentemente das crianças, passamos a encarar os fatos como simples verdades e deixamos de questioná-los. Outro dia minha filha me perguntou por que ficou de noite e lhe respondi que estava de noite porque o sol tinha ido descansar. Imediatamente ela já quis saber por que ele foi descansar e a conversa foi longe… Nenhum adulto questiona mais porque temos dia e noite, ou sol e a lua. São verdades que assumimos, e são assim e ponto final.
Diferentemente do mundo da astronomia ou da física, no mundo dos negócios algumas verdades precisam ser questionadas para que se encontre a rota da inovação. Uma das formas de questionamento mais produtiva que já experimentei é a de buscar entender o “porquê” das coisas, tal como minha filha de 3 anos sabe fazer melhor do que eu. Equipes que questionam e procuram entender a razão por trás de suas atividades produzem resultados superiores. Com questionamento aqui não defendo que as pessoas devem sempre compreender e concordar com as razões que as levam a realizar determinadas atividades. Isso seria tentar instituir uma democracia corporativa, algo que poderia ser visto como utópico na grande maioria das organizações. O que eu defendo é que as pessoas busquem sempre entender a razão que motiva a realização de sua atividade. Com isso ela poderá sempre aprimorar seu trabalho para ir de encontro às expectativas do real propósito dele (mesmo que não concorde com ele). Por exemplo, eu já vi gestores solicitando aos seus funcionários trabalhos com o seguinte descritivo via e-mail: “realize uma apresentação sobre o produto xyz”. Neste exemplo o gestor falhou na comunicação por simplesmente não explicar a razão pela qual ele precisa desta apresentação, além do que o canal e-mail não é o ideal para este tipo de solicitação. No caso deste exemplo o que normalmente ocorre é a seguinte cadeia de eventos:
1. Gestor solicita apresentação.
2. Funcionário realiza o trabalho.
3. Gestor recebe o trabalho.
4. Gestor não gosta do trabalho e solicita revisão.
Os passos de 2 a 4 se repetem então de maneira indefinida até que se chegue ao propósito ou até que o tempo se esgote.
Quem não está fazendo o certo neste exemplo? Eu creio que ambos! Normalmente as pessoas tendem a culpar o gestor por não ter explicado corretamente ao funcionário o que pretendia, o que é perfeitamente justo. Mas, se o funcionário não estava em posse das informações necessárias para realizar um bom trabalho, por que não fez um conjunto de questões para guiar melhor suas atividades? Vergonha, receio, orgulho? Seja qual for a resposta, o fato é que o trabalho realizado não foi bom, e achar o melhor culpado não muda o resultado da equação.
Um hábito que eu incorporei a minha rotina quando alguém da equipe vem me falar algo é sempre questionar a razão. Se o cliente solicitou algo, eu imediatamente pergunto ao portador da mensagem: por que ele solicitou isso? Se a pessoa antes não sabia, passará a saber e, com essa informação, atuará melhor para atender ao cliente, pois agora entende o propósito. Além disso, esse constante questionamento que faço estimula uma cultura de entender o que há por detrás de cada entrega, tarefa ou compromisso. As pessoas já sabem que eu vou fazer essa “incômoda” pergunta, por isso se prepararam para ela. Depois de um tempo nem preciso mais fazer a pergunta, pois entender sempre o propósito das coisas passou a fazer parte da cultura. Não é fácil, não é simples, mas vale muito a pena pelos resultados superiores que você poderá entregar. Inclusive eu acredito que a cultura do questionamento seja uma pré-condição para inovar.
A grande mensagem que eu queria passar com este post é: você já sabe como fazer, você já fez quando era criança, então nunca pare de questionar. Ser ou não apenas uma engrenagem da máquina corporativa depende muito mais de você do que de qualquer outra coisa. A inovação não surge normalmente de grandes ideias que as pessoas têm de repente, ela surge de pessoas que questionam, entendem e não se conformam em fazer algo de um jeito se há outra forma melhor de fazê-lo.
Artigo escrito por João Paulo Batistella – IT Executive at Telefônica | Vivo
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