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O Moonshot de Edu Lyra

por:

Caroline Verre

Caroline Verre

A pobreza da favela em um museu por meio das tecnologias sociais

A manhã do terceiro dia de SXSW começou com muita brasilidade e inovação social na Casa São Paulo, iniciativa da InvestSP, agência de desenvolvimento do Estado de São Paulo, que tem como objetivo desenvolver o Estado por meio da atração de investimentos, promoção de exportações, incentivo à inovação e melhorias no ambiente de negócios.

Edu Lyra, da Gerando Falcões, abriu o Favela Day, no SXSW 2024, com a energia e a clareza dignas de quem persegue um Propósito Massivo Transformador. Essa inspiração, de ir além do lucro para buscar impactar positivamente a sociedade em larga escala, nos ajuda a orientar a direção estratégica de longo prazo, motivando todos, tal como Edu Lyra coloca, em prol de uma causa maior e servindo como um farol orientador para tomadas de decisão alinhadas aos valores e propósitos da organização.

Na SingularityU, falamos muito sobre o “moonshot”, essa meta ousada e disruptiva que nos direciona a resolver grandes desafios globais utilizando tecnologias exponenciais.

O Moonshot da Gerando Falcões é claro e foi reforçado em Austin: Transformar a pobreza da favela em peça de museu.

Para atingir este Moonshot, Edu trouxe sobre a importância da “Ficção Social”, que é uma postura de resiliência, quase teimosia para que o sonho não seja engolido pela realidade.

Edu conta que no início da sua jornada, recebeu muitos ‘nãos’ e isso o ensinou a “Querer teimar na vida quando te dão um não como resposta” e, mesmo olhando obstáculos (não ter dinheiro, não querer ajudarem), é necessário encontrar caminhos e alternativas para fazer o que você sonha.

A Gerando Falcões cresceu de apenas uma favela para cinco e agora conta com 300 colaboradores, focados na missão de acabar com a pobreza. Esse crescimento foi feito por um plano estratégico, baseado em 4 tecnologias
sociais:

Rede de líderes: Isso começou há 5 anos atrás. Pensando em mudar o Brasil, Edu destacou que precisamos de muita densidade de líderes reais. A Falcon’s University foi feita para formar líderes sociais e empreendedores. Hoje são 2.000 líderes sociais nas favelas no Brasil graças a este movimento comunitário.

Favela 3D: Digital, digna e desenvolvida. A representação da construção de um bairro de favela é só o começo para colocar esta peça em um grande museu da pobreza, principalmente para lembrar que isso só pode estar no passado e o futuro será diferente. Acabar com a pobreza das favelas está começando por São Paulo e estas iniciativas.

Decolagem: “A gente lida com pobreza da mesma forma. Com mesmo remédio. Mas a realidade não é assim.” Com esta frase, Edu Lyra mostrou que a Gerando Falcões criou o projeto “decolagem”, que é um programa transformador, onde cria trilhas personalizadas de superação de pobreza de cada família. Eles atuam como mentores sociais para 60 famílias.

Junto com essa família, o mentor cria trilhas de superação para ela sair da pobreza. Toda a família tem uma trilha com metas. Quando o mentor visita a família, ele está ajudando a sair dessa condição. Ninguém aprende a sair da pobreza na escola.

Isso se trata de um processo social, pragmático e mental que não se aprende sozinho. Essas mentorias dão autoestima para evoluir socialmente. Isso tudo com base em dados e índices que vão sendo acompanhados durante os anos. “O contrário de pobreza não é riqueza. É dignidade”, destacou Edu Lyra.

As Maras: As mulheres têm um desafio especial de colocar no ambiente de trabalho. Em média, cuidam de cerca de 3 a 4 filhos. Como sair da pobreza de forma resiliente nesta situação complicadíssima que tem até problemáticas de gênero?

A resposta dada pela Gerando Falcões está pelas Maras: Mulheres focadas em vender roupas de segunda mão na favela. São mulheres que começaram a gerar renda, melhorar sua situação e agora já contam com mais de 1.000 mulheres. Segundo Edu Lyra, a convergência dessas 4 tecnologias pode vencer a pobreza.

Para encerrar, Edu trouxe seus Aprendizados nestes anos à frente do Gerando Falcões:

Amor e missão: Se você não ama o que você faz, nos momentos mais difíceis vira tortura. Para ele, o Brasil precisa de um sonho que parece impossível para, finalmente, deixarmos o discurso de país do futuro e sermos efetivamente.

Isso é ser guiado por missão. Missão é diferente de um trabalho. Missão você dá tudo que possui e destacou o quanto “a gente faz tudo em torno de uma missão”.

Pessoas com as quais trabalhamos: Empreender é uma oportunidade de conhecer pessoas incríveis e ter uma trajetória incrível com elas.

Mais do que isso: é nos momentos de crise que as pessoas se conectam. O que o empreendedor precisa é um grupo de pessoas de time que estão dedicadas e vai falar: você não vai desistir.

Empreender é escolher gente que estará conosco. Ao fim, trouxe um recado para os negócios e líderes brasileiros: “Temos que encontrar um modelo de geração de renda em escala para a base da pirâmide além do acúmulo de capital para um grupo pequeno.”

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