[vc_row][vc_column][vc_column_text][/vc_column_text][vc_column_text]Quase toda decisão importante que tomamos na vida envolve, em algum grau, riscos. Seja comprar um carro, fazer uma festa de casamento ou começar um negócio, existe uma expectativa de retorno, seja ele financeiro, intelectual, emocional, social ou qualquer outro, a partir de um investimento, que também podem ter origens diversas, como tempo, dinheiro, esforço, etc. Naturalmente, muitas pessoas preferem assumir riscos mais moderados, optando por segurança, enquanto, algumas pessoas estão dispostas a se arriscar mais, para ter um retorno mais elevado. A essas pessoas damos muitas vezes o nome de empreendedores.
E muitas empresas começam com esse perfil. Pessoas dispostas a criar algo relevante investem e se arriscam para começar algo novo. Especialmente pelo fato de, no início, as perdas possíveis serem menores, assumem riscos que grandes empresas nunca assumiriam. Muitas não dão certo, outras crescem e se tornam as grandes empresas que conhecemos hoje. E pessoas, tanto com maior quanto com menor aversão ao risco entram nessas empresas para trabalhar. Mas com o crescimento, aumentam as perdas possíveis, e, consequentemente, buscando defender o que já foi conquistado, a incerteza inerente da tentativa e erro é substituída pelas certezas dos orçamentos, planejamentos e padrões. E a aversão ao risco se torna institucional. E as pessoas dispostas a arriscar, ou vão embora, ou se tornam “mais um”.
E qual o problema disso?
Veja bem, não estou desmerecendo o valor de um certo grau de planejamento. A questão é que nossos planos, orçamentos, padrões e processos são muitas vezes estabelecidos baseados em previsões que, em um mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo, da sigla em inglês) estão erradas (às vezes bastante erradas), dado que desconsideram fatores incalculáveis. Que empresa coloca em seu plano que do dia pra noite, jovens numa garagem podem tornar seu modelo de negócios obsoleto?
Então, para lidar com a incerteza, a tendência natural é assumir uma posição que Nassim Nicholas Taleb (que estará na HSM Expo desse ano) chama de frágil: retorno dentro do esperado se tudo der certo, mas grande vulnerabilidade à mudanças bruscas (como uma nova startup no mercado).
Obviamente, arriscar tudo também não seria inteligente, então, para aproveitar os empreendedores de dentro da organização sem se expor a riscos tão elevados, o caminho é criar espaço para que eles, os chamados intraempreendedores, busquem altos retornos, inovando em produtos, processos, práticas e afins, com baixos riscos, ou seja, em ambientes controlados.
Três iniciativas podem ajudar a encontrar os intraempreendedores da organização e torná-los geradores de valor:
1) Criar encontros para que as pessoas da organização possam discutir os desafios de forma franca (sem restringi-los à alta gestão), e compartilhar ideias e aprendizados. A franqueza na conversa gera a segurança psicológica suficiente para que aqueles indivíduos possam discutir e agir de forma natural e sem medos. O encontro de pessoas de áreas diferentes, com ideias diferentes, é possível surgir novos produtos, processos, práticas ou, até mesmo, negócios. Existe grande potencial disponível para a organização gerar valor, basta gerar espaços para que ele seja liberado de forma voluntária.
2) Criar orçamentos pré-aprovados com aumento gradativo, para utilizar de acordo com os interesses da organização. A necessidade de passar por comitês ou aprovações antes de continuar pode fazer uma nova ideia morrer antes mesmo de começar. Alocar recursos já aprovados para que pessoas possam implementar no que acharem que pode ajudá-las a alcançar sua meta (desde a aquisição de uma ferramenta, investimento em um serviço ou a compra de um livro). Caso não dê certo, as perdas já foram contabilizadas e estavam previstas. Caso dê certo, os retornos podem ser muito superiores ao investimento, o risco diminui por conta da validação e a organização pode investir caso queria aumentar os resultados.
3) Padronizar o mínimo, e dar espaço para o bom senso. A pessoa com a maior quantidade de informações para tomar uma decisão, via de regra, é a que está mais próxima do fato, seja a que está vendendo, que está atendendo um cliente ou preparando um serviço. Claro que existem coisas que precisam ser padronizadas, seja por serem diferencias da organização ou por obrigações legais. Para as demais, critérios claros de tomada de decisão e expectativas de resultados podem ser mais eficazes que um passo a passo a ser seguido. Porém, é importante destacar que esse tipo de iniciativa só funciona numa cultura de confiança, onde os líderes esperam que as pessoas tomem decisões de acordo com os interesses da organização.
Toda organização possui empreendedores dentro de si. Alguns já esqueceram que são, outros não encontram espaço para arriscar. Cultivando um espaço seguro, que os permita criar e inovar, sem se preocupar com politicagem, punições e aprovações pode gerar uma fonte inesperada (e bem vinda) de resultados para sua empresa.
Pedro Nascimento – Diretor de desenvolvimento organizacional – Grupo Anga. [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]