A estreia do Now! Week trouxe os movimentos que estão transformando o mundo, a economia e a sociedade, reunindo uma programação voltada à inovação, transformação e debates sobre o que podemos esperar de 2021.
Durante o evento online, o gerente de conteúdo Thomaz Gomes apresentou discussões provocadoras com personalidades do Brasil e do mundo, começando a primeira parte do evento com o renomado chef Rodrigo Oliveira.
“A nova gastronomia: local e artesanal”, com Rodrigo Oliveira
Rodrigo Oliveira se consagrou com o restaurante de comida nordestina Mocotó. O cozinheiro filho de pernambucanos comanda a casa que conta a história da sua família há 20 anos e ganhou inúmeros prêmios nacionais e internacionais. Entre eles, a 43ª posição no 50th Best Latin América da revista inglesa The Restaurant Magazine.
Durante o bate papo, Oliveira abordou a relação de interdependência entre a sociedade e a alimentação. “Um dos problemas do futuro passiveis de prevermos é a fome. Não conseguimos alimentar as pessoas hoje (com o agravante da perda de terra produtiva), e essa mazela já desponta no horizonte do amanhã. Como diria Josué de Castro, a fome é a expressão biológica de um problema social. Se você não acessa a renda, também não tem acesso ao alimento“.
Oliveira, que age também como empreendedor comandando o Mocotó Café e o restaurante de cozinha brasileira Balaio IMS, ressalta a urgência da temática. “Equilíbrio é um conceito fácil de entender, mas difícil de aplicar. Se não mudarmos e rápido, estaremos perdidos“, alerta.
Ao lado de sua esposa, a historiadora Adriana Salay, o chef criou o projeto Quebrada Alimentada, fornecendo marmitas e cestas básicas para as famílias em vulnerabilidade social no entorno do restaurante. Você pode colaborar com a campanha de arrecadação de recursos para manter o projeto funcionando, neste link.
“Favela Holding: inovação de alto impacto”, por Celso Athayde
Celso é fundador da Central Única das Favelas (CUFA), e com a atuação na instituição adquiriu a bagagem necessária para a criação de um grupo de empresas focadas nas favelas e seus moradores: a Favela Holding, a primeira holding social de que se tem notícia.
Atualmente é CEO da holding que detém mais de 20 empresas, todas com ações em favelas e periferias. Em sua apresentação, ele abordou a importância das favelas na economia nacional, especialmente durante o período de pandemia.
“São as favelas que mais contribuem com o desenvolvimento do país. Caixas de supermercado, frentistas, motoristas de ônibus, se a base da pirâmide tivesse parado, quem movimentaria o país durante a pandemia? As elites já estão tendo que arcar com as consequências da miséria que fomentaram até os dias de hoje. Passou da hora de equalizarmos as diferenças sociais”, declara Athayde.
O coautor dos livros “Falcão – Mulheres, Tráfico”, “Falcão – Meninos do Tráfico” e “Cabeça de Porco” ressalta a importância de ações capazes de fazer com que todos os trabalhadores da favela tenham MEI (registro de microempreendedor informal) e orientação. “Não adianta microcrédito se você não educa as pessoas financeiramente”, ressalta.
“Políticas públicas baseadas em Ciência: como fazer essa relação dar certo?”
Natalia Pasternak é PhD em Microbiologia, na área de Genética Molecular de Bactérias, membro da Science Teaching Fellows Alumni Community da American Society for Microbiology e diretora-presidente do Instituto Questão de Ciência (www.iqc.org.br), o primeiro Instituto brasileiro para promoção de pensamento crítico e racional, e políticas públicas baseadas em evidências científicas.
“Quando mencionamos a ciência, estamos nos referindo ao processo de investigação da realidade. Mas nem todo artigo científico recebe a atribuição de verdade absoluta. Há também responsabilidade social no exercício da ciência já que todos pagam impostos que financiam os conhecimentos e tecnologias produzidos“, explica.
Pasternak é colunista do jornal O Globo, das revistas The Skeptic UK e Saúde e, em 2020, tornou-se membro do Committee for Skeptical Inquiry (CSI). Segundo ela, agência reguladora deveria ser soberana mas, no Brasil, o Congresso interfere em decisões científicas fundamentadas. “Legislar ciência não deveria ser prerrogativa de órgãos do governo e parlamento, e sim de órgãos técnicos como a Anvisa“.
“Figital: a reinvenção do mercado de experiências”, com Luis Justo
Engenheiro com pós-graduação em gestão de negócios, Justo foi CEO da Osklen durante 11 anos, após um início de carreira no mercado financeiro e em consultoria internacional. No cargo de CEO do Rock in Rio desde 2011, conduziu o ambicioso projeto de implementar a marca também nos Estados Unidos – maior mercado de entretenimento do mundo.
Durante a palestra, ele discorreu sobre o modelo híbrido entre físico e digital e compartilhou as expectativas para a edição pós-pandemia. “Que aprendizados teremos desse ano dentro de casa? Pensando nisso, cada conteúdo do próximo festival virá carregado de propósito. A experiência da marca Rock in Rio e das marcas parceiras será algo realmente impactante e imersivo”, antecipa Justo.
“As novas regras da ética e da privacidade de dados”, por Jonathan Zittrain
Referência internacional em controle de propriedades e conteúdos digitais, criptografia, privacidade eletrônica, computação humana e tecnologias na educação, Zittrain é professor de Direito Internacional e de Ciência da Computação em Harvard.
O autor do livro “The Future of the Internet and How to Stop It” bateu um papo com o advogado, professor e pesquisador brasileiro Ronaldo Lemos. Durante a conversa, Zittrain afirma que quando pensa em desinformação online ele leva em conta as pessoas que entram na rede sem a intenção de saber se há verdade ou não. Pessoas que sequer se importam se estão interagindo com seres humanos ou bots. “Acredito que, nos últimos anos, aprendemos que há outra categoria de discurso que está no direito, que é legal, mas é terrível! São os discursos que não se enquadram em algo criminoso, mas que não queremos que viralizem“, pondera.
No que se refere à polêmica envolvendo gigantes como o Google, Zittrain acredita que devemos encarar o processo com os olhos de quem enxerga qualquer outro serviço ou produto sendo regulado. “Talvez uma solução fosse desmembrar o Google em diversos pequenos Googles. Há como modelarmos isso“, sugere.
“Com exceção da Califórnia, os EUA ainda não possuem uma lei de proteção de dados. E há uma decisão política nisso. A cada ano, novos problemas de privacidade surgem. É algo urgente. Estão a todo instante aprendendo coisas sobre nós e usando contra nós“, alerta.
“O consumidor e as marcas no mundo pós-COVID-19”, por Bozoma Saint John
Bozoma (“Boz”) Saint John é a atual diretora de marketing global da Netflix. Ao longo de sua carreira como executiva de marketing e publicidade, Saint John conquistou excepcional reputação de pioneirismo.
Na diretoria de marca da Uber, foi responsável por contar as histórias de milhões de passageiros e motoristas em mais de 600 cidades. Antes da Uber, Saint John foi diretora global de consumer marketing da Apple Music e do iTunes, liderando campanhas voltadas a aumentar o reconhecimento de marca, a fidelização e o brand equity entre consumidores de todo o mundo.
Durante um bate papo com Nizan Guanaes, Bozoma discorreu sobre a relação de consumo e construção de marcas. “Os marketeiros precisam pensar mais rápido do que nunca para criarem comunicação relevante para a audiência. Em todas as empresas que trabalhei, mesmo que auxiliando a construir marcas, ainda me considero uma aluna iniciante aprendendo como criar uma narrativa e um entendimento daquele produto. Eu escolho ver alegria em tudo, especialmente no que se refere ao meu trabalho. E isso é uma decisão ativa, deve ser dessa maneira!“, conta.
Quando questionada sobre o papel da publicidade na relação das marcas com o consumidor, Bozoma afirma que toda empresa precisa entender o que funciona e o que não funciona para ela. E, ainda que tudo esteja funcionando, é necessário estar atento ao que está acontecendo no mundo. “Para as agências de publicidades e marcas que estão apenas indo bem nos negócios, é mandatório descobrir maneiras de continuarem relevantes”.
“Esse desejo de ser obsessivo por algo que se queira conseguir deve ser aplicado no marketing. A concorrência não é apenas quem faz o que você faz, mas quem conquistar a atenção do nosso cliente. Então, precisamos que os clientes pensem na nossa marca como a solução adequada ao que ele busca”, recomenda.
Segundo Bozoma, se pudesse dar um conselho sobre marketing, seria: se atentem ao erro de falar muito com você mesmos ou apenas com as pessoas que gostam do produto que quer vender. “Decifrar conexões nebulosas e intersecções entre marcas e segmentos, antecipar tendências, isso garante relevância e a oportunidade de estar no lugar certo, na hora certa”, sugere.
Nesta terça-feira, a partir das 9:00, você poderá acompanhar a segunda parte do programa Now! Week, que contará com Stewart Paul Mennin, Charles Duhhig, Carolina Domenico, Plinio Cutait e Oscar Vilhena. Para acompanhar o evento, basta se cadastrar nesse link.