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Existe um jeito feminino de fazer negócios?

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lbrito

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[vc_row][vc_column][vc_column_text]Talvez a única resposta possível para essa pergunta seja: não sabemos. A maior parte das mulheres que chegou ao topo da hierarquia empresarial precisou utilizar de recursos muito masculinos nessa trajetória. E hoje muitas delas se deram conta das pedras no caminho e procuram discutir isso com outras mulheres.

A CEO do Facebook, Sheryl Sandberg, é uma delas. Considerada uma das 10 mulheres mais poderosas do mundo pela Forbes, Sandberg lançou em 2014 seu livro Faça Acontecer, versão para o português do original Lean In, em inglês. Entre os muitos aspectos que ela apresenta para incentivar as mulheres a quebrar o chamado “teto de vidro” da carreira profissional está reunir-se em grupos. Os Lean In Groups hoje são uma realidade em vários países, no Brasil inclusive – há até um grupo de veteranas do Exército norte-americano no Facebook (é aberto, dá pra espiar).

Pensando bem, as mulheres sempre funcionaram dessa forma, desde muito antes da invenção da palavra sororidade. Era em grupo que cuidavam da agricultura, quando os homens saíam para caçar, pescar ou coletar alimentos, dividindo o cuidado com os filhos. E nem precisamos voltar à era pré-histórica: é só lembrar de cenas como lavadeiras à margem do rio lavando roupas ou das tias, avós e amigas que se encontram para organizar uma festa de aniversário. Entre o trabalho e as risadas, surgem momentos de desabafo, cumplicidade, acolhimento. E além da escuta e de um ombro amigo, são várias cabeças pensando juntas sobre os problemas.

Se durante um tempo a mulher imaginou que para se desenvolver na carreira era imperativo aderir ao jeito “masculino” de fazer negócios, desenvolvendo pensamento analítico e foco, entre outras características atribuídas ao homem, hoje essa forma coletiva de agir no mundo voltou a ser estimulada – taí a Sandberg para provar. A quantidade de grupos de mulheres que dão apoio a outras mulheres é imensa – em movimentos que surgiram muito antes dela (ou até do próprio Facebook).

Grupos de mulheres empreendedoras do bairro, grupos de vizinhas no Whatsapp, mães com dúvidas sobre amamentação, coletivos feministas: uma simples pesquisa rende milhões de conexões. O projeto Mamu – Mapa de coletivos de mulheres (www.mamu.com.br), organizado pela atriz e educadora Maria Carolina Machado, procura mapear essas iniciativas em todo o Brasil. Diz a descrição do site: “Os perfis dos coletivos também são os mais variados e abrangem uma gama de demandas: maternidade, arte, cultura, saúde, amamentação, parto humanizado, estudos de gênero, direitos das mulheres, violência, aborto, direitos sexuais e direitos reprodutivos, democracia, luta contra o racismo, organização das mulheres, empreendedorismo, e muitos outros”. O site está longe de refletir a dimensão do movimento, mas já dá uma ideia das iniciativas.

No campo do empreendedorismo, essas organizações refletem a realidade apresentada pela pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), de 2015, que estima 21,7% dos homens e 20,3% das mulheres iniciam negócios, um índice considerado não só alto como muito igualitário. Esse movimento foi reconhecido lá fora e, há 14 anos, o banco Goldman Sachs se associou à Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte, e à Fundação Getulio Vargas, de São Paulo, para implantar no Brasil o projeto “10.000 Mulheres”, um curso de capacitação em finanças, marketing e gestão para mulheres empreendedoras. O curso foi realizado em várias capitais do mundo e a parceria com a FGV foi a mais duradoura. A cada edição, 50 mulheres recebem essa capacitação de professores da FGV e consultores contratados, a partir de um método desenvolvido pelo banco de investimentos.

Esse apoio também virou negócio. A Rede Mulher Empreendedora, encabeçada por Ana Fontes, é filhote do programa “10.000 Mulheres” – publicitária de formação, Ana trabalhou por muitos anos em empresas na área de marketing e resolveu empreender abrindo um coworking, o que a qualificou para o programa da Goldman Sachs. Com o curso, decidiu se dedicar a criar uma rede de mulheres para a troca de informação e networking. Hoje, ela realiza eventos mensais em todo o Brasil, dá consultorias, organiza a Virada Empreendedora e reúne mais de 293 mil pessoas em seu Facebook.

A jornalista Viviane Duarte também começou a carreira em grandes empresas e hoje se dedica a apoiar negócios de mulheres e a assessorar empresas na implantação de programas de igualdade de gênero. Para isso, criou a Plano Feminino, que atua como coaching de carreira e de vida. No site da empresa, conta histórias de empreendedoras, informa e fomenta a rede.

As mídias sociais e a tecnologia têm sido a base de toda essa articulação. É pelas redes sociais que são organizados os movimentos que vão levar muitas mulheres às ruas neste 8 de março. É de mãos dadas que elas estão ocupando seu espaço – talvez esse seja o jeito feminino de fazer negócios.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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