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De volta para o futuro: o trabalho pós-pandemia

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Diz um conterrâneo meu que admiro muito, Silvio Meira, que “o futuro vem do futuro e é de lá para cá que a gente deve caminhar”. Já o vi falar essa frase algumas vezes em suas palestras inspiradoras e convoco aqui esse insight para pensarmos sobre o que estamos buscando construir hoje, nesse momento de transição.

Aqui na everis, ao longo desses últimos dezoito meses, por três vezes, quisemos escutar nossos colaboradores para entender melhor suas perspectivas desse futuro. Somos mais de 4 mil pessoas trabalhando à distância. Eu mesmo, como alguns de vocês já sabem, assumi o cargo de CEO já em home office e quase que dobramos o número de colaboradores desde então. Uma jornada e tanto, daquelas que rende livro!

Das minhas escutas [ com o viés de pessoas jovens na maioria em início de carreira ], o desejo predominante é de seguir em home office. O fato mais evidente é que não mais consideram possível abrir mão da qualidade de vida alcançada, desperdiçando tanto tempo nos trajetos de ida e volta para os escritórios.

E se pensarmos que o tempo é o mais valioso de nossos “bens” nessa vida, é realmente desafiador encontrar argumentos que convençam pessoas a perder parte dele para se deslocar de um lugar que se mostrou bastante produtivo: a própria casa.

Também nas rodas de conversa que frequento, às vezes escuto lideranças querendo voltar ao passado sob o argumento de que o ser humano é gregário. Porém, considerando que a tecnologia viabiliza parte disso, sem a necessidade da presença física, tenho buscado influenciá-los, afirmando que a volta, caso haja, pode ser para um lugar bem diferente do que era no passado.

Uma prova disso é que, segundo matéria da BBC, no último mês de abril, quase 4 milhões de pessoas deixaram seus trabalhos nos Estados Unidos. Esse número corresponde a 2,7% de toda a força de trabalho do país. As explicações para o fenômeno são várias e passam pela insatisfação que já havia antes da pandemia, epifanias vividas no período e o fato de estarem bem adaptados ao novo modelo [ além, claro, dos polpudos cheques de subsídios que muitos receberam em casa por lá, durante a pandemia ].

A gente sabe que as mudanças sociológicas não ocorrem de um dia para o outro, há sempre um longo estágio de maturação. Vivemos e viveremos as consequências da pandemia por muito tempo e depois de digeridas as consequências, já não seremos mais os mesmos. Ou seja, não é possível mais voltar ao passado.

Agora, fico aqui imaginando as possibilidades de vidas fora de minha “bolha”. Aquele estudante que em 2019 passou no vestibular. Estava louco para iniciar a vida universitária e… teve de lidar com essa frustração por mais de um ano… Ou ainda aqueles que estavam se formando e perderam todo o convívio festivo do fim da universidade… para esses, o sabor é como o daquela última mordida do picolé que cai no chão.

E para onde iremos agora? De volta para um futuro melhor, é o que eu desejo. Mais humano, mais solidário, mais equalitário e com maior qualidade de vida para todos. Mas isso não será tão simples assim, como o final de um filme de sessão da tarde [ para àqueles que sabem o que é isso … risos ].

Quem já ensinou alguém a andar de bicicleta sabe, achar o equilibro é o mais desafiador dos passos. O único, talvez. E isso vale para toda a vida e também para esse período que viveremos juntos.

Onde mora o equilíbrio entre o presencial e virtual no futuro?

Ouso dizer que esse equilibro também se dará por meio das telas [ em seus vários tamanhos, formatos, resoluções e cada vez mais com realidades aumentadas em 3D ou 4D! ]. E, especialmente, ganharão força os aspectos de sincronia. Eu explico: quantas vezes estivemos presencialmente em salas e não “estávamos lá”? E quantas foram as experiências digitais vividas na pandemia que pareceram “reais” [ quem não se emocionou mesmo num parabéns cantado virtualmente? ]. O futuro é feito desses novos significados de presença e distância. Sincrônico e acrônico. Precisamos nos letrar a respeito e as conversas, para mim, são sempre as maiores professoras.

Como gestores teremos que desenvolver novas habilidades para gerir esses times híbridos, não permitindo que se perca a tão falada “equidade” do mundo virtual [ proporcionada por termos experimentado conviver com todos os integrantes dos times num único meio ].

Precisaremos aprender a identificar atividades que realmente exigem a presença física de todos, sob risco de perdermos a credibilidade [ e audiência ] para os próximos convites. Teremos que ressignificar até os próprios encontros sociais do time, nos quais,  de forma sutil e natural, poderemos viver um “tempo de qualidade” na construção de relacionamentos entre os membros da equipe.  

Encorajo a puxar seus colegas, seus colaboradores, seus chefes e compartilhar o que é sincrônico para você. Com muita auto-responsabilidade, podemos construir o novo, no qual boa parte de nossos anseios sejam contemplados. O incômodo talvez permaneça por um tempo, mas podemos embarcar nessa nova fase como quem embarca em uma aventura, alegres com as possibilidades de descobrir um novo jeito de viver nesse futuro, para o qual fomos sugados.

Vamos lá conversar, experimentar, testar, aprender … sobre o futuro que caminha em nossa direção!  

Ricardo Neves é CEO da everis Brasil, consultoria multinacional de negócios e TI do Grupo NTT Data

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