Por Carol Olinda
Centenas de palestras na ATD 2024 e uma mensagem comum: as pessoas estão esgotadas!
Os dados sobre burnout e transtornos emocionais são alarmantes e percorrem salas cujo assunto principal é Inteligência Artificial, Inteligência Emocional, Neurociência, Liderança e até Metodologias de Aprendizado.
O estresse é inimigo da aprendizagem e com pessoas desatentas, cansadas e doentes, certamente o desafio de desenvolvê-las se torna ainda maior.
O caminho não é investir em programas de treinamento ou palestras motivacionais, mas assumir um compromisso real em criar AMBIENTES SAUDÁVEIS.
A provocação da ATD24 é para “recarregar a alma”, a minha, é que possamos rever nossas estruturas e rituais de gestão para criarmos organizações que verdadeiramente energizem as pessoas.
Vida e trabalho são faces da mesma moeda e é fundamental que ela esteja em equilíbrio para que seu valor seja usufruído ao máximo.
O que vem a seguir é a subtração!!!
Daniel Pink nos provoca a mudar nosso paradigma. O mundo está mudando e tem dados alarmantes sobre movimentos de ressignificação do trabalho, tais como o Great Resignation, Quiet Quietting, Quiet Ambition, Semana de 4 dias, dentre outros.
Em um contexto tão voltátil, tentar determinar qual será o próximo movimento pode parecer muito mais charlatanismo do que ciência.
Mais do que tentar discutir os movimentos ou antecipar uma tendência, Pink nos convida a repensar a lógica que estamos adotado em nossas organizações e a construir culturas que estejam além da resiliência, que sejam ambientes saudáveis de trabalho e que ajude as pessoas a reenergizarem.
1. Crie uma Lista de “Não Fazer”
Identifique três coisas que distraem sua atenção, drenam sua energia e desviam você de seus objetivos mais importantes.
Anote essas coisas e evite fazê-las.
Lembre-se: Subtração pode ser mais eficaz do que adição.
2. Reflita sobre o Progresso Diário
No final de cada dia, liste três maneiras como você fez progresso.
Não precisa ser nada grande, apenas reserve 30 segundos para refletir sobre o que você realizou.
Lembre-se: O maior motivador diário no trabalho é fazer progresso em um trabalho significativo.
3. Mude Conversas de “Como” para “Porquê”
Toda semana, tenha duas conversas a menos sobre “como” e duas a mais sobre “porquê.”
Transforme conversas de “como” em conversas de “porquê” para fomentar um senso de propósito.
Lembre-se: Um senso de propósito é o aprimorador de desempenho mais eficaz em termos de custo.
4. Agende Pausas para Caminhadas de 15 Minutos
Faça uma pausa para uma caminhada de 15 minutos a cada duas tardes.
Faça isso com alguém que você goste, não fale sobre trabalho e deixe o telefone de lado.
Modele esse comportamento para sua equipe.
Lembre-se: As pausas fazem parte do nosso desempenho, não são desvios dele.
5. Use Ferramentas Poderosas de Tomada de Decisão
Quando estiver em dúvida, pergunte a si mesmo qualquer uma dessas perguntas:
Se você fosse substituído no seu trabalho amanhã, o que seu sucessor faria?
Se seu melhor amigo viesse a você com esse problema, o que você diria para ele fazer?
O que o você de 2034 gostaria que você fizesse?
“A vida é a maior sala de aula do planeta, ou poderia ser”, André Martim
O que você imagina sobre os futuros da aprendizagem? Se engana quem pensa que apenas a tecnologia irá ditar os rumos do desenvolvimento humano, o futuro é muito mais “human” do que “tech”.
É preciso encarar a realidade, não apenas de dados assustadores sobre transtornos emocionais, como também, de como as novas gerações estão desconectadas e insatisfeitas com a atual dinâmica do mundo do trabalho.
Aliás, é preciso assumir que nem domínio mais sobre nosso trabalho temos, afinal, com tantas novas tecnologias e mudanças, é como se tivéssemos deixado de ser especialistas em nossas áreas e estivéssemos em um ponto em que estamos reaprendendo a operar em uma nova realidade.
Logo, não faz sentido investir em programas de desenvolvimento que demorem 18 meses, as pessoas passam a maior parte do tempo no trabalho, é preciso integrá-los e torná-los naturais, quanto respirar.
Martim defende que após 20 minutos, retemos apenas 60% do que foi aprendido, razão pela qual deveríamos pensar em estratégias diferenciadas, como ambientes em que as pessoas possam compartilhar experiências, usar a tecnologia para integrar a agenda de trabalho com recomendações de playlists de aprendizado de acordo com o problema que ele deverá resolver no dia.
– Programas, +Inspiração, é disso que nossos líderes precisam. Precisam de ambientes de trabalho que os inspirem, a fim de que eles se sintam inspirados e possam inpirar os outros.
É preciso REENERGIZAR as pessoas e parte dessa resposta está nos modelos de trabalho que iremos adotar.
Segundo Martim, a “genialidade humana é infinita, mas a energia não”, portanto, mais do que focarmos em ensinar, precisamos que as empresas sejam locais de renovação / reenergização.
Qual ágil é o seu cérebro?
Segundo o time de neurocientistas da Neuro Link, é a sua neuro agilidade (neuro agility) que determinará o qual rápido você responderá as exigências de mudança e adaptação do mundo.
Afinal, o desenvolvimento de future skills depende diretamente da sua flexibilidade cognitiva, que pode ser acelerada por meio da compreensão do funcionamento do seu cérebro e da otimização do mesmo.
Neuro Agility consiste em otimizar os elementos cérebro-mente que aumentam a facilidade, a velocidade e a flexibilidade com que se pensa, aprende e processa a informação. Ajuda-o a otimizar a sua aptidão cerebral, a aumentar a sua flexibilidade mental e a reduzir o risco de erro, permitindo-lhe ter uma mente rápida, concentrada e flexível.”
Segundo o time da Neuro Link, para alcançar a neuro agilidade é preciso se apoiar em dois pilares:
1) Conhecer bem o funcionamento do seu cérebro, de tal modo a utilizar a química cerebral ao seu favor, e romper com padrões naturais de comportamento, por meio de exercícios estimuladores.
Isso envolve um alto grau de inteligência emocional, autorregulação e autoconhecimento.
2) Desenvolver um cérebro saudável, adquirindo a habilidade de mudar seu estilo de vida, como comer bem, dormir bem e praticar exercícios.
Dentre os benefícios da neuroagilidade, está o aumento da flexibilidade cognitiva, e a utilização de todas as regiões do cérebro de maneira concomitante, aumentando assim a sua performance.
Um bom exemplo trazido foi a necessidade de desenvolvermos pensamento criativo e pensamento analítico. Segundo o CEO da Neuro Link, André Vermeulen, essas funções são executadas por hemisférios diferentes do cérebro, e de acordo com sua base emocional, você pode estar mais acostumado com uma abordagem ou com outra. Isso explica, por exemplo, porque algumas pessoas se sentem mais a vontade com trabalhos analíticos, enquanto outras são mais abertas a trabalhos criativos ou relacionais.
No entanto, em um mundo mais complexo, não dá para ser um “ou” ou outro, é preciso ser “um e o outro”, afinal, temos um único cérebro.
Não se trata de personalidade ou de dom, mas de compreender o funcionamento cerebral. Nosso cérebro busca padrões para economizar energia, e quando a tarefa é a aprender, é preciso entender que existe um alto nível de esforço do cérebro para a mudança, logo, aprender pode ser estressante.
No entanto, o estresse libera uma alta carga de cortisol, que por sua vez descarrega outros neurotransmissores, podendo te levar a uma resposta de “luta, fuga ou paralisia”, cuja postura é de buscar seu padrão natural, ou seja, se sou alguém relacional, tendo a me manter utilizando esse padrão.
Ter neuro agilidade é reconhecer esse padrão e se condicionar a aprender a lidar com as outras regiões cerebrais, de modo a expandir seu comportamento, aprender novas habilidades com velocidade e a se adaptar a novos contextos com faciloidade.