A transformação digital afeta o mercado e as organizações de diversas formas. Todas essas mudanças fazem com que o processo de gestão de pessoas precise identificar e desenvolver cada vez mais o lado humano de seus colaboradores, por entender que, partindo disso, a inovação tem muito mais chances de acontecer.
Por isso, é preciso que haja uma mudança bastante forte na cultura organizacional de muitas empresas, assim como no mindset de liderança, para que juntos todos trilhem o mesmo caminho em busca de novas ideias.
A especialista em desenvolvimento humano e organizacional Vânia Bueno topou falar um pouquinho sobre a diferença entre gestão de pessoas e gestão de papel para o blog da HSM. Confira a seguir as dicas dela de como as empresas podem transitar na Era Digital.
Como você avalia o processo de gestão de pessoas nessa Era Digital em que vivemos?
A Era Digital redefiniu o contexto do mundo e tem impacto muito profundo no desenvolvimento organizacional e nos processos de gestão de pessoas. Quase todos, e especialmente os millennials, têm acesso irrestrito e imediato a conhecimento, pessoas e instituições de todo o mundo. Essa fluidez, liberdade e autonomia confrontam os modelos de comando e controle que marcaram os vínculos sociais até o século passado. As iniciativas mais inovadoras e bem-sucedidas compartilham valores de maior diversidade, inclusão e colaboração. Praticam modelos de cultura que tornam possível trazer para o trabalho os papéis de que se precisa, sem tentar deixar as “pessoas” que os desempenham fora da organização.
Qual a diferença entre gestão de papel e gestão de pessoas?
A diferença é básica e imensa: pessoas são sempre mais complexas do que os papéis que desempenham. A contratação para uma função pode ser simples. Já os relacionamentos no dia a dia, comportamentos, crenças e hábitos são sempre mais desafiadores do que o job description. Isso porque cada pessoa atua a partir de sua compreensão de mundo, modelada pelas experiências que viveu e seu aprendizado a partir delas.
Para avaliar e mensurar o desempenho e a produtividade, existem diversas ferramentas, mas quando se trata de compreender a integração e o engajamento das pessoas, percebemos que ainda há muito a ser aprendido. A condição humana traz imprevisibilidade e risco, mas também poder criativo e a possibilidade de evolução. Apesar de árdua, a experiência mostra que é na diversidade de pontos de vista que a inovação floresce.
Em momentos de mudanças ou crise, qual a melhor maneira de o líder se posicionar para manter a equipe unida e alinhada?
Acredito que um atributo que faça a grande diferença nesta era da transparência é a autenticidade: dizer o que se faz e fazer o que se diz. Em situações de crise e mudanças, é natural a maior presença de temores, dúvidas e insegurança. Tudo o que uma equipe precisa em momentos assim é ter alguém em quem confiar. Estudos recentes comprovam que liderar pelo exemplo é a forma mais eficaz de influenciar pessoas e atingir resultados notáveis.
Qual a importância da Comunicação Não Violenta (CNV) nas organizações e como ela deve ser implantada?
No mundo interconectado, cuidar da comunicação é essencial. Todas as trocas, aprendizados, negociações, celebrações ocorrem na ação comunicativa. É importante perceber que, mesmo tendo mais possibilidades e meios de conexão do que nunca, dez entre dez organizações reconhecem problemas de comunicação. Ainda temos muito que aprender.
A Comunicação Não Violenta é um processo de interação, criado pelo psicólogo e mediador de conflitos Marshall Rosenberg, que nos ensina a dizer e a ouvir, de forma respeitosa, o que é relevante. Empresas inovadoras têm buscado esse recurso para tornar possível a cocriação de valor na diversidade. É importante que a implantação comece com a mais alta liderança da organização — liderar pelo exemplo — para que se torne parte da cultura organizacional. A CNV é realmente uma proposta muito eficaz para uma convivência mais produtiva e positiva no mundo em transformação.
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