Com a pandemia e a possibilidade de trabalho remoto, talentos de alta senioridade entenderam que “tempo” é o maior ativo e que é possível ser top performer e ter qualidade de vida ao mesmo tempo. Altos salários se tornaram commodities, ou seja, são o básico para atrair talentos, mas já não são suficientes para retê-los.
As empresas que quiserem atrair e reter desenvolvedores, designers e talentos de TI de altíssima senioridade devem utilizar a mesma tática que as maiores empresas de games usam em seus jogos. Elas devem oferecer uma experiência que misture Autonomia, Maestria e a sensação de fazer parte de algo maior.
Autonomia – o talento precisa estar em um ambiente que promova liberdade para ter iniciativas.
A Riot Games, empresa de jogos que produz e distribui games como o League of Legends, é um bom exemplo de autonomia. Os talentos são abertamente encorajados a criarem uma startup, em paralelo ao trabalho. Parece louco? Não é. É apenas o resultado de uma gestão orientada a resultados. Se um programador terminou todas as suas tarefas antes, por que não poderia usar esse tempo livre para criar uma startup ou simplesmente para seu lazer?
A atração e retenção de talentos passa por um investimento em tornar a empresa realmente “remote first”, não apenas simulando no home office o que se faz no escritório presencial. É preciso, por exemplo, criar processos assíncronos para diminuir o número de calls online. Mas tudo depende da confiança das empresas em seus talentos e nisso ainda estamos engatinhando.
As empresas que entenderem que elas não compraram a alma do desenvolvedor ou do designer, e sim entregas rápidas e com qualidade de tarefas e projetos, sairão na frente. Os melhores talentos não querem voltar para o presencial, nem sequer para o modelo híbrido. Eles já têm um super ambiente com cadeira ergonômica de última geração, gadgets e os famosos três monitores gigantes conectados. Quer reter seus melhores talentos? Entenda essa necessidade por autonomia.
Maestria – talentos amam se capacitar continuamente.
Não se contrata um mecânico de Fórmula 1 para ficar apertando parafusos o tempo todo. Sem desafios, os talentos tendem a perder a vontade de programar ou criar com paixão. Mas como lidar com isso se toda a empresa necessita dar manutenção e fazer tarefas “chatas” e repetitivas? O segredo está em criar um rodízio de posições. Um desenvolvedor talentoso que já está há um bom tempo fazendo manutenção de um sistema, pode e deve ser realocado para uma área ou projeto mais desafiador.
Além disso pequenas ações pontuais são muito bem-vistas pelos talentos. Experimente, por exemplo, colocar como benefício R$10K anuais que ele possa gastar em qualquer curso ou treinamento aqui ou fora do país. Ele ganha e a empresa ganha mais ainda – um desenvolvedor mais motivado, engajado e com mais conhecimento.
Fazer parte de algo maior – o que todos queremos desde pequenos.
Sua empresa tem um propósito? Como é sua cultura na prática? Seu time se orgulha de fazer parte de algo maior? Pense e reflita de forma isenta sobre estas questões. Outro ponto é que “gente boa atrai gente boa” e ter profissionais de referência, ou seja, “estrelas” talentosas” no time vai ajudar a atrair e reter outros talentos. Afinal, todos querem estar junto aos melhores, não?
O prognóstico para o apagão e perda de talentos não é dos melhores, mas empresas como Jusbrasil, Pipefy, bxblue, Cora, Gama Academy, entre muitas outras, estão conseguindo vencer esse desafio. E você, o que está fazendo para atrair e reter os mais incríveis profissionais do mercado?!
Pedro Luiz Pezoa é CEO da Pointer, startup focada em contratações eficientes de profissionais de alto nível das áreas de Produto, TI e Design, encontrando o profissional certo de acordo com a cultura da empresa e reinventando o recrutamento por indicação de talentos