O cenário norte-americano em 2008 estava meio caótico. Os Estados Unidos passavam pela quebradeira de várias instituições financeiras, que haviam feito empréstimos sem lastro para o mercado imobiliário. No meio disso tudo, a Marvel, que até então nunca fora responsável diretamente pela produção e direção de nenhum filme de super-herói, lançava sua primeira aposta — com alto risco de dar errado — Homem de Ferro.
Essa produção cinematográfica tinha uma tendência muito grande ao fiasco por alguns motivos:
-Devido à crise financeira, a população norte-americana estava completamente desmotivada.
-O ator principal, Robert Downey Jr., que estava sóbrio desde 2003, procurava reconstruir sua carreira em Hollywood e era considerado uma contratação de risco.
-O filme basicamente conta a história de um playboy mimado que adora esbanjar dinheiro.
Parecia uma receita perfeita para o fracasso! Mas foi o pontapé inicial de uma das franquias bilionárias do cinema. Atualmente, a Universo Cinematográfico Marvel (MCU) atingiu a marca de 17 bilhões de dólares arrecadados com 20 filmes. O último, Pantera Negra, bateu recorde e lucrou mais de US$ 2 bilhões em bilheterias pelo mundo todo.
As histórias de super-heróis contadas pela Marvel se tornaram sucesso inegável, arrebatando fãs, que contam os dias para o lançamento do próximo filme da franquia. Mas por que um projeto que tinha tudo para dar errado deu tão certo? Quando arriscar pode ser o melhor caminho para o crescimento de sua organização?
Muitas empresas deixam de crescer justamente por não se permitirem correr riscos. É claro, pode-se perder tempo e dinheiro com fracassos, mas todo bom empreendedor precisa saber a hora certa de arriscar nos negócios.
A história da Marvel começou com um tiro no escuro, entretanto, vários fatores permitiram que ela se tornasse o que é hoje. Ninguém saberá dizer com firmeza por que deu tão certo. Mas, se pararmos para analisar, percebemos que foi uma série de fatores.
Lançar Homem de Ferro quando o país passava por uma crise financeira poderia ser o primeiro dos motivos para a empresa desistir da ideia, porém o contexto socioeconômico dos Estados Unidos foi exatamente o que impulsionou sua população a buscar válvulas de escape, indo ao cinema com mais frequência.
Além disso, o desenvolvimento de efeitos visuais cada vez mais realistas foi um dos responsáveis para que a franquia se tornasse referência em Hollywood. Durante todos esses 10 anos é possível perceber em cada filme como os avanços tecnológicos impactaram a produção.
Para Joe Russo, diretor de Capitão América e Vingadores: Guerra Infinita, a receita que deu certo é que não há um padrão, cada filme é produzido com uma equipe e linguagem diferente. Isso faz com que os diretores sintam mais liberdade em criar.
“Provavelmente uma das coisas mais interessantes é que o universo cinematográfico da Marvel é um experimento narrativo. É um mosaico gigante de histórias contadas por pessoas diferentes. E acho que o público também ganhou a habilidade de entender como a linguagem muda rápido, como existem vozes diferentes, como o tom pode mudar dramaticamente de um filme para outro e isso é uma vantagem, pois você está sendo constantemente surpreendido”, garante Russo.
É claro que nem tudo são flores, logo após o lançamento de Homem de Ferro, sucesso inesperado, O incrível Hulk foi considerado fracasso de bilheteria. Mas isso não fez com que a Marvel desistisse, muito pelo contrário, foi o combustível necessário para continuar suas produções, aprender com os erros, promover melhorias e se tornar umas das franquias mais bem-sucedidas do cinema atual.
Agora basta esperar que a empresa persista em se renovar cada ano para que suas histórias continuem causando bastante frisson no público.
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