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Big Data: o uso desenfreado da informação que causa a desinformação

por:

ithsm

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A distância que você está de qualquer informação do mundo pode ser medida em segundos, um simples acesso à internet é o suficiente para encontrar tudo sobre qualquer coisa. É rápido, fácil e democrático, pois qualquer coisa que você queira saber, aprender e até se tornar um especialista, depende somente do seu esforço e dedicação para pesquisar sobre tal assunto. Mas como você tem acesso à absolutamente tudo, você precisará ter muita atenção para distinguir o que é fato do que é fake. Fake News tornou-se uma palavra famosa nos últimos anos, principalmente pelo destaque que a mídia deu para isso durante as eleições em diferentes países.

Mas ela é um pequeno resquício de algo muito maior, que pode ocorrer por um pequeno erro ou como um grande movimento de manipulação social. A KGB, por exemplo, tinha um departamento chamado “black propagand”, que trabalhava deliberadamente para manipular a sociedade através da disseminação de informações falsas. Para isso, foi criado um termo específico: Disinformation, que inclusive deu nome a um livro bem interessante sobre o assunto.

Uma outra possibilidade é que a disseminação de informação falsa aconteça sem a intenção de manipulação social, como um erro ou até uma comunicação feita inadequadamente; para isso se dá o nome de Misinformation. A diferença entre Disinformation e Misinformation está justamente na intenção, quando há por trás de uma notícia a real intenção de que ela seja falsa é considerada Disinformation.

Estamos cercados de informações falsas

Se você for até o Google e procurar sobre “Fake News”, em 0,72 segundos encontrará cerca de 1 bilhão de resultados/links com inúmeras definições. Mas qual delas é a resposta certa para o que você procura? Como distinguir o que é falso, o que foi um engano, do que é verdade? O usuário que está fazendo a busca pode inocentemente cair em alguns links errados e sair com uma interpretação distorcida sobre o assunto.

Como o acesso à informação está nas mãos de todas as pessoas, em praticamente todas as partes do mundo, é realmente “fácil” manipular grupos sociais com notícias adulteradas propositalmente. Um caso que está muito em alta é referente às últimas eleições americanas, em que Trump foi eleito. Muitos veículos de notícias têm publicado longas teses sobre o assunto, mas todos eles com apenas uma parte da informação, sem provas ou julgamentos oficiais da situação, tornando muito difícil a conclusão do que é verdade ou falso sobre o próprio fato.

Outro caso famoso é do Snowden – esse virou inclusive filme – mas com poucas provas reais de tudo que ele fala, então distinguir os fatos verdadeiros é um ato de interpretação individual, e não de provas sobre o mesmo. Esses são apenas alguns exemplos, mas você se lembrará de muitos outros que aparecem no seu dia a dia e que dificultam muita uma interpretação final sobre qualquer informação que hoje chega até você por meio de diferentes sociais, o tempo todo.

Guerra da desinformação

Segundo esta matéria para o “The Fortune”, a Google já está trabalhando em seus algoritmos para reduzir a disseminação de informações falsas. O Facebook criou uma “sala de guerra” para tentar reduzir as fake news, e muitos outros jornais e universidades estão criando áreas com o objetivo de tentar “filtrar” o que é verdade do que é Fake News.

Entretanto, no meio de tanta notícia, é um trabalho insano para qualquer instituição. Com a atual velocidade da informação, essa “guerra da desinformação” pode sim manipular a opinião da sociedade sobre qualquer tema. A Ciência, os algoritmos, a inteligência artificial são sem dúvida um caminho para reduzir a disseminação de falsas informações, porém as escolhas finais sempre serão do usuário. Ele precisará aprender a lidar com filtros, escolher os seus próprios curadores de conteúdo, se empenhar em não compartilhar algo sem saber de onde veio e se é uma fonte confiável. Sem isso, a maioria das pessoas podem acabar caindo numa bolha de notícias falsas que podem acabar distorcendo sua própria visão de mundo.

Em 2019 esse tema estará ainda mais em alta, surgirão novas ferramentas e recursos para ajudar nesse processo. No entanto, o maior aliado contra a disseminação de Fake News ainda é o usuário. Você tem certeza que todas as suas fontes de informação são 100% confiáveis?

*artigo baseado no relatório Data Thinking, do Cappra Institute

Ricardo Cappra é um especialista em cultura analítica, e pesquisa o impacto dos dados na sociedade e nos negócios. Lidera uma comunidade global de pesquisadores e cientistas especializados em big data. Também é criador do Cappra Institute, que investiga o impacto dos dados no mundo e desenvolve métodos para acelerar o uso da ciência de dados, com a missão de preparar pessoas e organizações para um futuro mais analítico.

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