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Bitcoin e o impacto da tecnologia blockchain na economia mundial

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No ano passado, uma das criptomoedas mais conhecidas dos últimos tempos sofreu uma supervalorização, chegando a ser cotada a quase US$ 20 mil. O boom foi tamanho que bitcoin se tornou palavra comum nas conversas, presente nas mesas de bares em happy hours, e até mesmo como potencial problema político, atrelado à lavagem de dinheiro, por exemplo.

Todo mundo queria ter um pedaço de bitcoin para chamar de seu. Segundo Rodrigo Batista, presidente-executivo do Mercado Bitcoin, o número de investidores chegou a 750 mil em 2017, 275% a mais que no ano anterior.

Entretanto, apesar da febre recente, essa criptomoeda existe desde 2009, mas era tão pouco conhecida que gerou uma história curiosa envolvendo a cantora britânica Lily Allen. Quando a artista se deu conta dessa supervalorização, ela própria contou em um tweet que havia mais ou menos cinco anos recebera uma oferta de 200 mil bitcoins para fazer um show online… e ela recusara.

Naquela época, a moeda não valia quase nada e era usada principalmente em jogos online, porém, se a cantora tivesse aceitado a oferta, em 2017 ela teria uma fortuna de US$ 1.470.800.000. Ah, se arrependimento matasse!

Como toda nova tecnologia traz certo receio, com bitcoin não é diferente. Ainda há muitas pessoas que não investem na criptomoeda por não a acharem um investimento seguro. O que pouca gente sabe é que a tecnologia por trás dela, blockchain, é uma das mais seguras do mundo. Graças a ela, é possível realizar transações pela internet sem que haja um intermediador, como um banco, por exemplo.

Além disso, cada vez que uma transação acontece — de dados ou de valores —, ela passa por um processo de validação, não sendo mais permitida qualquer alteração. Bitcoin é a primeira criptomoeda totalmente segura da história, mas não é a única. Hoje existem várias outras com o mesmo suporte e diferentes valores para investir.

Para saber mais sobre bitcoin e o motivo de ele ser tão conhecido, confira a entrevista a seguir com Luiz Calado, economista-chefe do Mercado Bitcoin.

HSM: A tecnologia blockchain colocou as criptomoedas no mercado. Qual a vantagem de investir em criptomoedas como o bitcoin? Pode-se dizer que é um investimento seguro?

R: O primeiro motivo de muitos ao comprarem bitcoin é como uma forma de diversificar os investimentos. Algumas pesquisas já mostraram que as criptomoedas possuem pouca correlação com outros ativos, como ações ou moedas. Assim, é possível aumentar o retorno de seu portfólio e ainda diminuir os riscos gerais. Claro, o investidor deve ter cuidado com quanto de seu patrimônio colocar em criptomoedas. No Mercado Bitcoin, não recomendamos mais que 10%.

Além disso, o bitcoin é seguro por conta da blockchain, tecnologia por trás das criptomoedas, sendo imutável e permanente. Quando fazemos uma transação com bitcoins, ela é reunida a outras, em um bloco. Esses blocos geram equações matemáticas complexas, que devem ser validadas pelos mineradores. A única forma de resolver essas equações é com grande poder computacional, o que gasta muita energia. Quando conseguem adicionar um bloco, eles ganham novos bitcoins como recompensa.

A questão é, como os blocos são verificados por todos na rede, não adianta um minerador tentar incluir um bloco com transações inválidas. Ele será recusado. E o minerador terá gastado energia para nada.

HSM: Existem inúmeras criptomoedas no mercado hoje em dia. Podemos dizer que houve grande “boom” com o bitcoin no final do ano passado. Por que somente o bitcoin se tornou tão conhecido?

R: O bitcoin é a primeira criptomoeda, então é natural que seja o mais conhecido. Claro, outros fatores contribuem para isso. O conceito de bitcoin surgiu em um fórum de criptografia em 2008, e ninguém sabe ao certo quem escreveu o artigo com essas ideias. Tudo o que sabemos é um de seus nomes online — Satoshi Nakamoto. Esse tipo de mistério mexe com o imaginário das pessoas e contribui para a popularidade da moeda.

Além disso, a comunidade de bitcoin existe há mais tempo, considerando desenvolvedores e entusiastas. Eles começaram a se comunicar falando de bitcoin. Então, dentro do meio, as falas sobre bitcoin tendem a ser mais comuns.

HSM: Você acredita que a popularização das criptomoedas criará, ou já está criando, uma nova economia?

R: Com certeza, mas não gosto de chamar as possibilidades dadas pelas criptomoedas de nova economia. Não se trata de um novo ramo da Economia, e sim uma evolução de alguns conceitos básicos. Quando a internet surgiu, muitos também falaram de uma nova economia, mas o que realmente mudou? Fundamentalmente, as interações permanecem as mesmas. Só que agora, para comprar um livro, além dos comentários de nossos amigos, levamos em consideração os comentários de um estranho na Amazon.

Dito isso, as criptomoedas podem, sim, mudar algumas interações sociais. Talvez o conceito de identidade física, expresso em um documento em papel, se torne obsoleto. Como blockchain é permanente e imutável, pode ser a solução ideal para identidades no mundo. O Banco Mundial estima que mais de um bilhão de pessoas não têm formas de atestar sua identidade. Além disso, pense em refugiados que não conseguem comprovar a própria identidade. Isso os exclui de atividades sobre as quais nem pensamos, como ter uma conta bancária ou dirigir. Blockchain pode resolver esse problema de maneira rápida e barata.

Assim, essa tecnologia pode mudar muitos dos processos atuais, mas a maneira fundamental pela qual fazemos as coisas permanecerá mais ou menos a mesma.

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