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Em muitas empresas inovação é sinônimo de risco. Esse fenômeno é comumente visto em organizações que estão trabalhando no limite da sua capacidade operacional, isto é, possuem uma demanda superior àquilo que conseguem ofertar ao mercado, seja por uma dificuldade de crescimento orgânico ou até mesmo por uma estratégia de prestar um serviço diferenciado. Numa organização destas que possui carteira de pedidos pendentes, como justificar a alocação de uma parcela dos (escassos) recursos humanos e financeiros para investir em novas ideias e produtos? Normalmente os acionistas (ou donos) viriam essa estratégia como algo muito arriscado, afinal se é possível faturar mais e mais no negócio atual, por que investir em algo novo com receita duvidosa? Esse raciocínio parece óbvio, senão lógico, exceto por um ponto: o objetivo de qualquer empresa é sua perpetuação futura, não apenas a receita presente. Ao investir todas suas fichas na geração de caixa com base nos produtos atuais a organização pode estar hipotecando seu futuro.
Mas afinal, inovar não é arriscado? A história mostra que não, muito pelo contrário. Grandes e centenárias empresas como DuPont, 3M, GE são exemplos de que a inovação é única receita para a perpetuação de uma organização. A tabela abaixo mostra como algumas mudanças e inovações foram benéficas para algumas empresas enquanto destruíram outras.
São empresas que adotam um processo sistêmico de inovação, conforme definido por Peter Drucker:
Inovação sistêmica consiste na busca por mudanças e numa análise sistemática das oportunidades que essas mudanças podem oferecer para uma inovação social ou econômica.
Essas mudanças podem já ter ocorrido ou ainda estar por acontecer. A grande maioria das inovações de sucesso explora a mudança, senão as criam (exemplo: a mudança introduzida pela invenção do avião criou toda uma nova indústria). O processo sistêmico de inovação pode ser resumido nos seguintes passos:
Como ilustrado na figura as mudanças surgem no ambiente (ou são provocadas), com base nestas mudanças o empreendedor deve buscar as oportunidades que se abrem com elas, para então desenhar um novo produto ou conceito inovador que vá explorar essa mudança. Para tornar mais concreto este processo, vamos a um exemplo prático. Vamos analisar as seguintes mudanças recentes:
1. Tendência de as pessoas terem menos tempo disponível para o convívio social nas grandes cidades, devido ao trânsito, excesso de trabalho, etc.
2. Surgimento da Internet
Com base nessas mudanças alguns empreendedores realizaram uma busca por oportunidades e chegaram num conceito inovador: Redes sociais.
Esse processo, embora óbvio hoje, não era na época e levou anos para que o conceito fosse aceito e ganhasse popularidade. O empreendedor que entendeu a mudança e a converteu em inovação pode ter colhido bons frutos de sua visão.
Grandes inovações como redes sociais ou a invenção do avião não ocorrem todos os dias, a grande maioria das inovações são incrementais e visam melhorar processos atuais ou criar produtos melhores.
Agora retornando ao título do artigo, qual é o problema de uma empresa não inovar? O problema é que os concorrentes dela vão inovar, criando produtos melhores e mais competitivos, prestando um serviço melhor e diferenciado. Certamente seus clientes logo perceberão que esta organização ficou para trás e vão mudar de produto ou serviço, decretando seu fim. Claro que esse argumento não vale para empresas que tenham algum tipo de monopólio de mercado, não por acaso as empresas que detém monopólio geralmente prestam um mau serviço aos seus clientes, mas estes não têm o poder de trocar de fornecedor como gostariam.
Agora será que inovar não é arriscado? E se a inovação não der certo? Vamos a um exemplo de uma indústria onde as empresas dependem essencialmente de inovação para se perpetuar: a indústria farmacêutica. Não existem estatísticas oficiais, mas estima-se que 19 a cada 20 novas drogas desenvolvidas pelos laboratórios não chegam a serem comercializadas. Isso indica um índice de sucesso de apenas 5%. Além disso, o desenvolvimento de uma nova droga pode consumir mais de USD 1 bilhão em pesquisa. Ou seja, um laboratório que busca criar 20 novos produtos num certo período pode “desperdiçar” mais de USD 19 bilhões. Seria mesmo desperdício? A indústria farmacêutica acha que não, caso contrário estaria alocando seu capital em outros investimentos. A grande diferença é que essa indústria se adaptou à constante necessidade de inovação, adotando processos sistêmicos de busca de inovações e novos produtos. O arcabouço regulatório estimulou isso visto que a patente das novas drogas tem uma validade finita, estimulando a busca por novos produtos.
O mesmo processo sistêmico que funciona bem em várias empresas e indústrias pode funcionar na grande maioria das organizações, é uma questão de colocar prioridade no tema, alocar os recursos e se preparar para os fracassos que certamente ocorrerão. Afinal, uma empresa que se preocupa apenas com o presente, não está construindo seu futuro. Esse é o grande risco, e inovar é muito seguro quando comparado a isso.
Artigo escrito por João Paulo Batistella – IT Executive at Telefônica | Vivo[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]