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Como ter um olhar transversal para integrar ESG na governança de uma empresa?

por:

Caroline Verre

Caroline Verre

Nesta quarta-feira, o Learning Village foi palco do primeiro dia do Digital On Board. Na tarde em questão, mais de trinta conselheiros do Brasil inteiro se reuniram para discutir a questão de governança em meio aos processos geopolíticos que estamos vivendo.

Com a palestra de Adriana Solé, o primeiro hub de Inovação e Tecnologia com Foco em Educação e Desenvolvimento de Pessoas da América Latina foi tomado por uma curiosa esfera paradoxal entre coletivo e individual. Afinal, há uma necessidade de enxergar vários fundamentos em um só processo de gerenciamento empresarial e na batalha de implantar uma agenda ESG nas empresas atuais.

Como toda a sociedade, uma organização não pode ser descolada do contexto que vivemos. É necessário ter resiliência e sapiência em integrar os processos. Além disso, sincronizá-los com as demandas que existem e entender como adaptá-las no processo de integração que precisamos tomar para análise do contexto social.

A agenda ESG, por si só, não se trata apenas de uma questão ambiental – e que já é de extrema importância. É necessária toda uma mentalidade que implica em sustentabilidade, olhar social e a responsabilidade de uma governança corporativa. Desde a revolução industrial, isso é quase uma afronta e diferencial grandioso.

Nesse sentido, Adriana Solé traz a perspectiva das transversalidades das instâncias existentes na governança de uma empresa. Em três categorias, Solé define que: há uma necessidade de entender os processos globais, como eles se relacionam com a corporação e quais são os processos culturais existentes nessa empresa que é nomeada.

Hoje lidamos  com processos interligados pela pandemia da Covid-19. Continuamos a ser extremamente impactados com transformações digitais, trabalhadores com exigências diferentes e populações com necessidades distintas das anteriormente.

A pandemia foi um momento de mudanças catalíticas, como indica Adriana. Várias mudanças foram experimentadas e a digitalização deu uma contínua produção a alguns processos, enquanto outros ainda precisavam ser feitos manualmente.

Ao mesmo tempo, notou-se que havia uma mudança climática em várias regiões do mundo, algo que deu uma perspectiva de que a mudança é possível e os cenários apocalípticos não são necessariamente o único caminho.

O caminho foi tão crítico que na carta anual aos CEOs de Larry Fink, em 2020, o autor trouxe a atenção sobre a necessidade de transversalidade, resiliência, mudança de comportamento social. Porém, pouco tempo depois, entramos em um problema gravíssimo de guerras de proporções econômicas mundiais. Além desta catástrofe que continua transformando o mundo e as hegemonias existentes, a Copa do Mundo trouxe novamente o hábito descartável que havíamos perdido. Na larga produção, ainda de modelo industrial, quem continua sofrendo é o mundo e, em consequência, nós.

O maior impactado por este acontecimento? A agenda ESG. E Adriana Solé pontuou como a agenda se torna frágil na contínua lógica industrial.

É exatamente neste contexto que a discussão se propôs: entender como os atores de grande impacto, como as empresas, precisam entrar nesse jogo. A entrada é exatamente falando de competências e escolhas necessárias neste mundo que estão inseridos.

Por isso, Adriana pontua que hoje governança se trata da maturação do ESG, análises constantes sobre as qualidades dos produtos e dos trabalhadores, além de entender quais valores estão sendo proporcionados nesta empresa.

Afinal, é a assembleia o ponto máximo que discute o jogo. O conselho aceita as diretrizes conversadas. A partir disso se cria o direcionamento estratégico e quais será o principal caminho a ser seguido.  

O conselho tem parte importante e crucial neste processo pois é quem decide a melhor atuação. A partir disso, há a homologação para que o proposto aconteça e a diretoria executiva precisa dar conta de uma execução em ressonância com o que foi proposto. Dessa maneira o monitoramento se inicia e o processo cíclico começa a instaurar uma cultura na empresa.

GCR à ASG à ESG

A discussão girou em torno de como fazer uma agenda ESG tornar-se parte de uma empresa, com a necessidade clara de que é um processo diretivo mundial e que cada vez mais será levantada sua importância.

Tudo o ocorre pela cadeia GCR à ASG à ESG.

Para Adriana Solé, entender o contexto global é essencial para compreender onde iniciar o processo de cultura ESG

O GCR se trata da governança, compliance e risco. É necessário entender o que há na organização, diminuir o impacto das escolhas de conselheiros sem análise e definir regras, priorizando algumas diretrizes em detrimento de agendas que estão estabelecidas mas não necessariamente são mais urgentes.

Outro ponto crucial é entender qual o papel produzido neste local. É, então, necessário recorrer a todos os processos dentro da empresa, além de tomar cuidado com a LGPD. É preciso reconhecer o compliance formalizado, porque senão há problemas de segurança e isso pode gerar uma série de inconvenientes.

Compreendendo esta etapa, é hora de reconhecer a abrangência da governança, o território da empresa e qual a governança estabelecida. Em sigla: a ASG.

Se trata de entender até onde o processo impacta. Quais os centros de recursos que a empresa busca. Compreender os dilemas que estão sendo criados dentro da organização. Entender o vínculo entre esta e a sociedade e, ao mesmo tempo, atender suas necessidades econômicas e quais as proteções diante do meio-ambiente.

É uma análise sobre a logística que está sendo estabelecida com todo o conhecimento do que foi construído nessa empresa. Estes dois pilares precisam ser entendidos, analisados e cuidados para que haja uma maximização de valor, compromisso com não-transgressões judiciais, além de estabelecer uma sensibilidade para questões do século XXI.

Saber onde pode ser tocado, segundo Adriana Solé, elimina discriminações e compreende conhecer o gerenciamento de vulnerabilidade e risco. Além disso, une uma dimensão social, além do econômico e ambiental.

É o conselho, com diretrizes e foco em ESG, que dá essa medida. Legitimar este ponto neste momento é enxergar um horizonte possível e o início de uma cultura que promove e garante participação social neste mundo.

Com este processo, que demora muito tempo, energia, conversas e tomadas de decisões, podemos nos direcionar às questões de sustentabilidade ambiental, governança corporativa e impacto social (ESG).

Isso só pode ocorrer, segundo Adriana Solé, assegurando participação, promovendo oportunidade aos processos que estão acontecendo. Além disso, estabelecendo uma rede de segurança dentro da própria empresa, que visa até proteger o seu próprio empregado.

E, por fim, o mais crucial: ter um propósito estratégico em sustentar o objetivo da agenda ESG, ao mesmo tempo que consiga harmonizar interesses, tendo um impacto social colaborativo, que promova cultura e desenvolvimento humano do conselho até fora da empresa.

Isso está nas mãos do conselho. É a educação e cultura proporcionada, por suas diretrizes, que faz chegar neste processo. A maior dificuldade é conseguir alinhar os interesses econômicos e, por isso, como Adriana Solé indica: “O dinheiro não é nosso e precisamos ser responsáveis também com ele, enquanto somos extremamente adaptáveis para contribuir com o impacto humano”.

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