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Global Female Leaders Outlook: O desafio da liderança feminina

por:

Caroline Verre

Caroline Verre

A Global Female Leaders Outlook (GFLO) é realizada pela KPMG e pelo Management Circle com mulheres líderes empresariais. A pesquisa aborda temas como equidade, oportunidades e perspectivas e, em sua última edição, a análise contou com 884 participantes; destas, 84 são executivas atuantes na região da América do Sul. Elas falaram sobre o panorama corporativo mundial, expectativas para os setores de atuação de suas empresas, além de estratégias de crescimento de negócios.

Os resultados foram detalhados no relatório “Global Female Leaders Outlook 2022. Resiliência em uma década turbulenta” e no recorte regional “Global Female Leaders Outlook 2022 – Resiliência em uma década turbulenta – Recorte para a América do Sul”. E nós trazemos os insights do relatório para você.

Os últimos anos foram marcados pela recorrência de crises globais que influenciaram a opinião de líderes políticos e empresariais, alterando sua visão e perspectivas de curto e médio prazos, principalmente em regiões mais expostas a crises, como a América Latina e a América do Sul. Por um lado, a pandemia mostrou os limites da globalização, consubstanciada na necessidade crescente de as empresas diversificarem suas fontes de insumos e olharem com mais atenção para as fontes locais, visto o impacto que a crise sanitária teve no funcionamento das cadeias de suprimentos globais; por outro, a invasão da Ucrânia pela Rússia representa um novo golpe na recuperação que os mercados globais vinham apresentando após a crise sanitária, com efeitos econômicos devastadores, traduzidos no aumento dos preços, que afeta a maioria das matérias primas, e nos índices crescentes de inflação observados em todo o mundo, sobretudo em países e regiões de maior desenvolvimento econômico, como os EUA e a União Europeia, embora também impactem regiões menos desenvolvidas, como a América Latina.

Embora quase um terço dos líderes sul-americanos mostrem sua confiança em relação ao crescimento global nos próximos três anos (30%), a maioria aposta nas oportunidades que seus setores podem oferecer (58%) e nas capacidades das suas empresas capturá-las (71%); esta, aliás, é uma tendência que, conforme se verificou nas edições anteriores, repete-se globalmente (72% e 76%, respectivamente). Os impactos dessas tendências se refletem tanto nos lucros quanto nas mudanças esperadas na folha de pagamentos para os próximos três anos: 54% da amostra regional e 64% da amostra global asseguram que seus lucros crescerão entre 2,5% e 20% ao ano durante os próximos três anos e 33% das executivas sul-americanas e globais esperam um aumento superior a 6% da força de trabalho no mesmo período.

Para corroborar essas perspectivas, considerando tanto o progresso tecnológico quanto o caminho para a transformação digital que a maioria das empresas está percorrendo globalmente (realidade muito impulsionada pela pandemia), 71% das líderes da região estão concentrando seus recursos e esforços no desenvolvimento e na melhoria constante das competências e habilidades da força de trabalho. Elas também enfatizam a busca ou redefinição do propósito corporativo, especialmente com o objetivo de construir um melhor relacionamento com os clientes (19%) e colaboradores (15%), bem como para maximizar a reputação da marca (14%) e melhorar o desempenho financeiro da empresa (14%).

No que tange ao anteriormente exposto, as líderes, tanto em âmbito global quanto regional, demonstraram ter a proposta de valor para os colaboradores como prioridade operacional (34% e 31%, respectivamente), com o objetivo de reter os talentos e evitar o principal risco mencionado na atual edição da pesquisa (ou seja, a escassez de talentos, que foi mencionada por 18% das líderes, principalmente em áreas complexas como TI e segurança cibernética); e o progresso na conectividade e digitalização de todas as áreas funcionais (27% e 23%).

A pesquisa também constatou que a maior parte das líderes sente algum grau de responsabilidade em relação aos trabalhadores que poderão ser demitidos em virtude do avanço tecnológico, da automação e dos novos modelos de negócios (63% das executivas sul-americanas e 74% da amostra global afirmaram isso), assegurando que as empresas colaborem com a recapacitação e/ou recolocação dessas pessoas em novas funções ou postos de trabalho.

Um dos elementos considerados mais violados e, portanto, postergados durante a última crise sanitária – e cujos efeitos podem ser estendidos pelo conflito armado entre Rússia e Ucrânia –, foi o progresso nos objetivos de igualdade de gênero das mulheres no âmbito da liderança, que foi traduzido ou estendido a outros aspectos, como diversidade e inclusão. Enquanto 51% das líderes sul-americanas e 35% do total de líderes pesquisadas garantiram que a pandemia realmente teve um impacto negativo no local de trabalho em termos de objetivos de igualdade de gênero, 43% das primeiras e 40% das últimas confirmaram que a crise sanitária adiou o progresso sustentado que as políticas de inclusão e diversidade vinham registrando nas empresas. Ambos os resultados mostram um recuo significativo em relação aos levantamentos anteriores.

Por exemplo: na edição de 2020 esses números foram muito inferiores aos atuais. A necessidade de trabalhar mais profundamente para construir uma cultura com paridade de gênero, diversidade e inclusão nos níveis mais altos das empresas aumentou, elevando a dívida corporativa com esse tipo de iniciativa para 93% das executivas sul-americanas. Esse número cresceu 7% em relação à pesquisa de 2020.

É claro que, salvo alguns aspectos específicos, as executivas sul-americanas e globais têm visões similares; afinal, independentemente da sua nacionalidade e/ou do setor em que trabalham, elas enfrentam desafios parecidos em termos de oportunidades de carreira, equidade, transparência, diversidade e inclusão no âmbito de suas empresas. Também é verdade que a crise da covid-19 adiou o desenvolvimento da maioria das iniciativas corporativas destinadas a melhorar esses aspectos. E essa situação pode se prolongar em consequência do conflito entre a Rússia e Ucrânia, tendo em vista os efeitos negativos que o confronto exerce sobre a economia global, especialmente nas cadeias de suprimentos.

No entanto, as executivas não deixaram de ser otimistas e continuam acreditando
e confiando no crescimento de curto e médio prazos de suas empresas. Também demonstram resiliência e continuam a destacar os problemas que enfrentam ano após ano, sempre sendo positivas nas suas expectativas, exigindo o que lhes corresponde por lei e ajudando a construir uma sociedade justa, inclusiva e com mais igualdade de gênero.

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