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O trabalho e o profissional pós-pandemia: reflexões dos impactos da crise

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Muito tem se falado/escrito sobre as competências necessárias para os líderes durante a crise atual, mas pouco se tem discutido sobre o futuro das competências do profissional pós-pandemia. Nossa proposta neste artigo é estimular essa reflexão.

Não abordaremos a difusão do home office e outras tecnologias que se mostraram alternativas eficientes para aproximar as pessoas fisicamente distantes, mas sim, os possíveis impactos dessas transformações na relação com o emprego.

A sociedade que, há não muito tempo, vivia momentos de polarização (sobretudo no contexto político), foi exposta ao mesmo vírus, enfrentando o mesmo “inimigo”. Assim, o fato de todos estarmos confrontando desafios que possuem a mesma causa raiz, nos faz, em escalas diferentes, exercitar nossa empatia.

Hoje, muito mais do que ontem, há certa compreensão de dilemas e dificuldades que transcendem nossa individualidade. Temos agora, de forma latente, a oportunidade de nos projetarmos no lugar do outro, ampliando assim, nossas perspectivas.

A pandemia também expos a vulnerabilidade de nossa sociedade e algumas de nossas fragilidades como indivíduos. Antes havia, no mundo corporativo, grande esforço para esconder tais vulnerabilidades, sendo vistas como fraquezas que poderiam “derrubar” ou “interromper” a progressão linear da carreira.

Essa fórmula: empatia + vulnerabilidade é poderosa. Colocando na base da relação de trabalho a transparência e a confiança, independentemente do nível hierárquico do profissional, tem-se como possível resultado a formação e destaque de profissionais mais humanos.

Na nossa visão, este potencial resultado representa uma quebra de paradigma versus o colaborador pré-pandemia. Sujeito que, em apertada suma, colocava o resultado acima de tudo e, algumas vezes, de todos. A mudança já vinha acontecendo paulatinamente, porém, a pandemia acelera essa transformação de forma abrupta e, quase que, compulsória.

As características pré-pandemia criavam ambientes altamente competitivos, ditos meritocráticos. Porém, a flexibilidade trazida pela pandemia exaltará aqueles que, de fato, produzem mais. Fatores objetivos tendem a ter maior importância do que a computação dos “desk hours” ou “show face” e outros elementos subjetivos que, algumas vezes, são inseridos no contexto da avaliação de performance.

Portanto, vemos todos os ingredientes para a construção de relações mais empáticas, transparentes, flexíveis e com muita confiança resultando, ironicamente, em um ambiente mais produtivo.

João Victor Guedes dos Santos é head de Johnnie Walker para Paraguai, Uruguai e Brasil

Paulo Bivar é managing partner na Kinp

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