Com a crise provocada pelo novo coronavírus e a imposição do trabalho remoto de maneira tão radical e repentina em 2020, o RH se tornou a área da empresa mais requisitada para soluções das urgentes e imprevisíveis necessidades geradas pela quarentena, principalmente no que se refere à Comunicação e à Educação Corporativa.
Diante do isolamento social, estamos todos mais expostos a crises de insegurança, de autoconfiança e incerteza sobre a empregabilidade. Por isso, a comunicação e o estreitamento das relações funcionam como um antídoto para suavizar estes sintomas tão específicos. As pessoas querem ser ouvidas, ter as suas ansiedades validadas, e encontrar no RH e em suas lideranças uma mentoria empática. É imprescindível que se comunique com mais frequência permitindo que o colaborador se sinta mais à vontade para expor suas sugestões, reclamações, desafios, questões pessoais e profissionais.
Ou seja, a comunicação ativa se tornou a prerrogativa deste momento. Neste sentido, o RH tem sido valorizado como área estratégica e aplaudido em muitas empresas ao se associar com outros times e levantar a bandeira da comunicação clara, inspiradora e transformadora. Lidar com o Novo Normal, requer de nós inteligência emocional e comunicação assertiva.
Recentemente, uma pesquisa realizada com os CEOs da Fortune 500, mostrou que 75% do sucesso no trabalho a longo prazo depende crucialmente das habilidades comportamentais e apenas 25% do conhecimento técnico.
Isso não é novo. O que é novo é a intensidade e a velocidade em que fomos postos à prova para utilizar estes soft skills em um cenário caótico, com tantos estressores. Trabalhar em um ambiente 100% virtual traz aos líderes, a missão de olhar atentamente para a saúde emocional dos seus colaboradores e oferecer o suporte necessário. Para gerar engajamento, é imprescindível monitorar, dar conforto e apoiar os colaboradores. A inteligência emocional, torna-se então a competência comportamental chave. Vale ressaltar que a IE não é só o controle das emoções como naturalmente alguns pensam, mas sim a nossa capacidade de nos percebermos, gerenciarmos as emoções, termos empatia pelo
outro, e claro, saber nos relacionarmos.
As pessoas não estão só mais vulneráveis, elas também estão mais conectadas. Percebemos uma ressignificação no papel das redes sociais, anteriormente utilizadas como um meio de comunicação com o público externo e uma excelente ferramenta de marketing, passam a ser agora um potente instrumento de engajamento da empresa com o colaborador, seja o grupo de whatsapp organizado pelos times para garantir a comunicação
em tempo real, seja pelo grupo do facebook que passa agora a ser um veículo para compartilhar temas relevantes.
Na prática, o mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) se colocou diante de nós de maneira avassaladora. A agilidade oferecida pelos meios digitais é uma grande aliada na disseminação da informação, auxiliando a oferecer a transparência tão valorizada. Esse é um grande avanço, pois até bem pouco tempo a postura do time do RH era de proteção às informações.
Esse é o momento de não termos vergonha ou medo da vulnerabilidade. As pessoas estão mais abertas a demonstrarem as suas dificuldades. Uma vez que líderes e RHs estão atentos ao cenário e com o mapa das competências e oportunidades de desenvolvimento dos seus times, chegou a hora de comunicar para inspirar: na forma, no conteúdo e no timing.
Como exercício de reflexão, convido você a preencher a Roda do Diagnóstico (na imagem que abre esse artigo). Preencha de 1 a 10 todos os elementos, pensando nos últimos seis meses. Considere o contexto e a cultura da sua empresa e utilize como pano de fundo nesta ferramenta. Ao terminar, faça uma avaliação do todo.
Observe as macro áreas e invista tempo nas notas abaixo de seis, pois são as que merecem um plano de ação. Quando administrada de forma equivocada, a comunicação ineficaz pode aumentar as chances de mal-entendidos, prejudicar os relacionamentos, quebrar a confiança, aumentar a hostilidade, até nuances como a escolha da palavra, o tom da voz e os elementos da fala. Para lidar com estas dificuldades, compartilho algumas práticas úteis:
1) Faça a informação transitar da base para os executivos e também no sentido contrário. O RH é que vai, por meio da comunicação interna, manter a direção e a visão da companhia de forma clara. Ele vai apontar quais são os desafios que a empresa está enfrentando, mas também as medidas tomadas para superar esse momento.
2) Capacite continuamente: foque nas competências-chave para as funções e áreas, e principalmente mapeie as necessidades que surgiram nos últimos meses.
3) Esteja nas redes, engaje, publique conteúdo relevante e esteja próximo, mesmo distante fisicamente.
4) Cuide com o excesso de comunicados por email, que muitas vezes não são lidos.
5) Priorize suas comunicações, pense sempre em seu pessoal interno primeiro. Seus funcionários não devem se surpreender com uma reportagem da mídia, devem ouvi-la primeiro da organização.
6) Seja sistemático e estratégico. Crie um calendário com datas regulares. Avalie a eficácia.
7) Estabeleça metas claras e o resultado chave que pretende alcançar com cada comunicação e treinamento. E busque formas para medir o cumprimento da meta estabelecida.
8) Combine ações com palavras. Faça o que você diz que vai fazer. Caso contrário, você prejudica sua credibilidade e os colaboradores têm menos probabilidade de acreditar ou levar a sério as comunicações futuras.
9) Treine os gerentes sobre como se comunicar e forneça as ferramentas necessárias para que todos tenham sucesso.
O fato é que todos crescemos e aprendemos ao enfrentar adversidades. Nossa consultoria levou conhecimento, compartilhou ferramentas, customizou treinamentos, voltados para as competências do novo normal. Se antes enfrentávamos algum tipo de resistência sobre a eficiência da educação à distância, conseguimos apoiar parceiros e clientes, quebrando barreiras geográficas e utilizando a tecnologia ao nosso favor. Estamos muito contentes por poder fazer a diferença e ver o RH ganhar força e protagonismo.
Shana Wajntraub, Psicóloga, especialista em Neurociências e em Soft Skills. CEO da Eleve Consulting e Professora da HSM
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