Eleito como um dos melhores livros de negócios pela FT/McKinsey, Fortune, Bloomberg e Financial Times, New Power tornou-se uma espécie de leitura obrigatória para entender os tempos de hiperconexão e distanciamento social que estamos vivendo atualmente.
Participantes confirmados da Expo 2020, os autores Jeremy Heimans e Henry Timms são protagonistas de um TED Talk, que já contabiliza mais de 1,5 milhão de visualizações.
Heimans e Timms são autoridades globais quando falamos de mundos hiperconectados e seus impactos nas ordens de poder e no fluxo de informações. O ponto de partida para que escrevessem “New Power” foi o questionamento: Como podemos dar sentido a este novo mundo? Como podemos descrevê-lo e dar-lhe uma estrutura que o torne mais útil?
Segundo os autores, é possível visualizar essa ideia seguindo uma corrente de pensamento comparativo. O poder antigo funciona como uma moeda, enquanto o poder novo como uma corrente. O poder antigo está nas mãos de poucos, o poder novo não está nas mãos de poucos e é feito por muitos. O poder antigo se trata de downloads e o poder novo faz uploads.
Os modelos de poder novo são, basicamente, as ideias de garagem capazes de acabarem com indústrias inteiras. O Airbnb, por exemplo, em poucos anos perturbou radicalmente a indústria hoteleira sem possuir um único metro quadrado de imóvel.
Implantação de participação em massa e coordenação entre colegas são os dois elementos-chave para a criação de mudanças e alteração de resultados.
E o desafio do poder novo é: como usar o poder institucional sem ser institucionalizado?
Adotemos outro exemplo dos escritores: o Uber, um incrível modelo de poder novo escalável. Observem a fala do CEO da empresa: “Uma vez que nos livrarmos do cara no carro [o motorista], o Uber será mais barato”.
Acontece que um dos pontos cruciais nas novas relações de poder é que elas nascem e morrem a partir de suas próprias redes. Neste caso, a empresa depende completamente da crença de motoristas e consumidores no serviço. No caso do Uber, essa tem sido uma relação claramente difícil de se estabelecer (basta ver os movimentos de sindicalização e protestos de motoristas ao redor do mundo).
Em contrapartida, a empresa levantou mais de um bilhão de dólares no capital de risco internacional. E esses investidores esperam retorno financeiro. Cargas horárias elevadas e e margens mais enxutas para usuários e motoristas, por sua vez, são estratégias eficientes para atingir esse retorno com velocidade. Nesse contexto, as bases para o conflito de interesses se formam naturalmente.
Ter um perfil no Instagram não é o mesmo que ter uma nova estratégia de poder
O uso das mídias sociais pelas organizações globais é outro ponto importante abordado pela obra. A criação de perfis digitais, sem que haja alteração em valores subjacentes (com diretores de inovação que servem apenas como avatares repaginados de lideranças antigas), ainda é um desafio a ser superado por organizações do mundo inteiro.
Na visão dos autores, se você atua em uma área que está sendo radicalmente impactada por uma nova tecnologia, esse tipo de perfumaria é apenas uma grande perda de tempo. Um dos principais exemplos dessa teoria é a digitalização dos veículos impressos. existe um enorme abismo entre inserir uma seção de comentários na parte inferior de todos os artigos e criar uma comunidade vibrante e engajada de leitores.
No cenário previsto por Heimans e Timms, organizações tradicionais que desejam desenvolver novas capacidades deverão se engajar em três tarefas essenciais: avaliar seu lugar em um ambiente de constante mudança, canalizar sua crítica mais severa e desenvolver capacidade de mobilização. Trata-se de um caminho complexo, que começa pelo questionamento do status-quo. Será que o poder antigo vai ressurgir? As elites do poder novo vão agir como poder antigo ou sua base vai reagir? Será que o próximo grande Uber terá os motoristas como donos? Perguntas que ainda estão em aberto, mas que serão decisivas para o futuro da economia e da sociedade nos próximos anos.