Após a grande ascensão econômica que ajudou a China a se tornar o novo centro de inovação mundial, uma das estratégias do governo chinês para conquistar o mercado global foi construir uma relação mais próxima com o mercado ocidental, visto que uma boa parte da causa do seu crescimento econômico nos últimos anos tenha ocorrido graças às exportações, onde os EUA eram – e ainda são – seu maior mercado.
Segundo o relatório global de exportação, só em 2017, a República Popular da China vendeu US $ 2,272 trilhões de mercadorias em todo o mundo. Esse valor em dólar reflete um ganho de 2,8% desde 2013, um aumento de 8,3% de 2016 para 2017.
Com base nas estimativas do World Factbook da Agência Central de Inteligência (CIA), os produtos e serviços exportados da China representam 19,6% da produção econômica total chinesa ou do Produto Interno Bruto.
Quase metade (48,5%) das exportações chinesas em valor foram entregues a outros países asiáticos, enquanto 22% foram vendidas a importadores norte-americanos. Além disso, o país ainda despachou outros 18,9% para clientes na Europa, 4,2% para a América Latina (excluindo o México), e ainda teve 4,1% do total de produtos exportados chegando à África.
Falando em África, o presidente da China anunciou recentemente em uma cúpula com chefes de Estado africanos, em Pequim, que a região receberá US$ 60 bilhões em investimentos do governo e de empresas chinesas em 2019.
“Os países africanos já reconhecem a sua imensa deficiência em infraestrutura (algo na casa dos US$ 70-120 bilhões ao ano), e receberam muito bem o dinheiro chinês”, diz Stephen Yeboah, fundador da Commodity Monitor.
Investimentos no Brasil
Além de estreitar seu relacionamento com os EUA ao longo dos anos – após a criação de acordos tentando amenizar uma possível guerra comercial entre as duas potências –, a nação oriental viu no Brasil uma boa oportunidade para expandir seu mercado.
Entre 2007 e 2009, já havia um fluxo significativo entre o comércio brasileiro e chinês. Porém, a China ainda não via grande relevância em aplicar no país. Em 2010, esse cenário começou a mudar. Importantes empresas chinesas anunciaram investimentos em grande escala no Brasil, fazendo com que nesse período, até 2015, o valor aplicado fosse de US $ 37,1 bilhões.
Inicialmente, a China priorizou o investimento em atividades diretamente ligadas a commodities, que representam a maior parte das exportações brasileiras para o país asiático. Um exemplo é a compra de 40% das operações brasileiras da empresa espanhola Repsol pela estatal chinesa Sinopec, pelo valor de 7,1 bilhões de dólares, afirmando ainda mais sua presença em investimentos na América Latina.
De 2017 para 2018, o número de investimento chineses em projetos brasileiros apontou um aumento significativo de um para nove, segundo o Boletim sobre Investimento Chinês no Brasil, publicado pelo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Este mesmo relatório ainda aponta que nos últimos 15 anos, a China investiu US $ 126,7 bilhões no Brasil em 262 projetos. Somente em março e abril, os investimentos chineses no maior país da América do Sul totalizaram US $ 992,7 milhões, aplicados a seis projetos diferentes nas áreas de petróleo e gás, máquinas e equipamentos, educação, comércio e varejo.
O crescimento destes investimentos pode ter como fator principal a grande recessão sofrida pelo Brasil no final de 2017, dando início à crise econômica que afeta o país até hoje. Por isso, essas aplicações por parte do governo chinês representam uma grande oportunidade de desenvolvimento econômico. Enquanto que, para a China, é uma oportunidade de garantir o acesso a recursos naturais.
“O Brasil está tentando sair de uma enorme crise fiscal e nossa capacidade de investir está muito comprometida”, afirmou Luiz Augusto de Castro Neves, presidente do Conselho Empresarial Brasil-China, uma organização sem fins lucrativos com sede no Rio de Janeiro, com quase 80 empresas afiliadas brasileiras e chinesas. “Se dependesse de nós, não nos recuperaríamos tão cedo. Nesse sentido, o investimento chinês pode ser fundamental para acelerar a recuperação econômica do país.”
Para 2019 o que se espera de ambos países é que estes investimentos, assim como o relacionamento entre a China e o Brasil, cresçam ainda mais!
Natália Fazenda
Área de Conteúdo da HSM