Os números não mentem. Além de dificultarem o cumprimento das tarefas do dia a dia, conflitos no ambiente de trabalho impactam diretamente na produtividade de uma empresa.
Um estudo apontou que, nos Estados Unidos, os colaboradores perdem quase três horas por semana lidando com conflitos. Para as empresas, isso significa um dispêndio de nada menos do que US$ 359 bilhões (considerando uma remuneração média de US$ 17,95 a hora), equivalente a 385 milhões de horas de trabalho.
Perda de tempo, evasão de clientes, fuga de talentos, queda na motivação. Essas são algumas das consequências de um ambiente onde as pessoas não sabem lidar com o conflito de forma produtiva. Disponibilizamos, no final desse texto, uma lista de sintomas gerados pela presença de conflitos para que você faça um checklist sobre o que pode estar impactando o rendimento ao seu redor.
É importante esclarecer que, por conflito, não nos referimos apenas às brigas ou discussões calorosas, mas a qualquer tipo de ruído ou divergência que haja no trabalho: um e-mail mal redigido, um olhar enviesado, uma instrução não compreendida e muitos outros itens comuns ao dia a dia podem gerar desconfortos que culminam em conflitos. Tudo isso, tem o potencial de, aos poucos, minar a produtividade, gerando sobrecarga, estresse e cobranças, e puxar os resultados para baixo.
Saber gerenciar conflitos, tomar decisões estruturadas e influenciar positivamente os colegas são características que podem proporcionar muito mais do que um ambiente de trabalho agradável, o que por si só já é uma vantagem e tanto. Esses atributos ajudam a alavancar a produtividade das companhias e, possivelmente, a carreira de seus funcionários.
Para quem (ainda) não tem essas habilidades, a boa notícia é que podem ser desenvolvidas. Correr atrás delas, aliás, faz parte da lista de tarefas de qualquer um que almeje uma trajetória de crescimento. Em uma rotina profissional carregada de competitividade e cobrança, sairá na frente quem souber lidar com os ruídos típicos desse tipo de ambiente.
Não se livre da responsabilidade
Para dar o primeiro passo, é necessário, antes de tudo, chamar a responsabilidade para si, em qualquer situação que se vivencie no trabalho (e na vida também!). Risque a expressão “não tenho nada com isso” do vocabulário. A partir do momento em que você se encontra em meio a um conflito, isso tem sim a ver contigo. Lembrando que “responsabilidade” e “culpa” não são sinônimos. Antes de apontar o dedo para o lado, pense nas ações que você mesmo pode tomar.
Não temos controle sobre os outros, apenas sobre nós mesmos. Somente conseguiremos contornar um conflito quando assumirmos a parte que temos sobre ele, de forma transparente, eficaz, assertiva. Uma atitude simples, que faz diferença. Se faça a seguinte pergunta: “Como eu posso ter contribuído (ou estar contribuindo) para que este conflito tenha acontecido, se mantenha ativo, ou ainda se potencialize?”.
Com esta resposta, você identifica sua parte de responsabilidade e sobre esta parte você poderá atuar imediatamente. Em um grande grupo, um membro tem o potencial de influenciar o outro e, com isso, mudar o panorama geral. Chame para si a responsabilidade da mudança.
Checklist sobre alguns dos sintomas mais comuns da presença de conflitos na empresa:
• Excesso de tempo perdido – muita hora extra
• Fracasso de projetos importantes
• Briga de egos
• Queda da produtividade
• Perda de clientes, negócios e talentos
• Desentendimentos interpessoais
• Crises destrutivas
• Ataques pessoais
• Alto absenteísmo
• Alto presenteísmo
• Insegurança dos colaboradores para se posicionar
• Baixa performance
• Desmotivação
• Excesso de “hard skills”
• Sensação de estar perdido
• Falta de integração
• Falta de reconhecimento
• Falta de informação adequada, não sabe onde quer e como chegar
• Ruídos na comunicação
• Falta de engajamento
• Clima ruim
• Inflexibilidade
• Desconfiança e falta de vínculo
• Conformismo ou ociosidade
Allessandra Canuto Coach, Treinadora e Consteladora Organizacional. Especialista em solução de conflitos e tomada de decisão, além de professora e autora do livro “A culpa não é minha”.