Trabalho em uma scale-up e não é incomum haver mais de vinte vagas abertas ao mesmo tempo. O que em outros tempos seria para mim motivo de desespero, nos dias de hoje administro bem as emoções de todos os envolvidos: do meu time, passando pelas lideranças, chegando aos candidatos. Isso porque, com a minha experiência, sei que boa parte das vagas é sobre aquele perfil que todo RH tenta encontrar e falha 100% das vezes: o profissional unicórnio.
O RH e a busca do unicórnio perdido é a saga que todo recrutador já viveu pelo menos uma vez na vida. O unicórnio é aquele profissional que precisa unir competências quase sempre opostas e possuir conhecimentos técnicos muito específicos. Aí o resultado você já conhece: candidato A tem isso, mas não tem aquilo. Candidato B tem aquilo, mas não tem isso. E assim o preenchimento daquela vaga vai se tornando uma história sem fim e frustrando todos os envolvidos no processo.
Não importa se você é recrutador ou o solicitante da vaga, para romper esse ciclo é preciso aceitar um ditado popular muito utilizado por mães de filhos demandantes: “não dá pra ter tudo na vida”. Parece óbvio, mas deixe-me explicar melhor.
Quando a busca por um profissional está levando mais tempo do que o normal, o que devemos nos perguntar é quais são as competências e conhecimentos inegociáveis e de quais conseguimos abrir mão. Como RH, costumo pedir ao solicitante que distribua dez pontos em sua listinha de exigências, atribuindo valores diferentes de acordo com a importância de cada item. Essa é uma forma simples de percebermos que as coisas não são igualmente importantes e que, se quisermos preencher aquela vaga, vamos precisar assumir que o candidato perfeito não existe.
E já vi de tudo acontecer. Desde a divisão de uma vaga em duas até plano de desenvolvimento individual nascendo no processo de recrutamento, quando RH e lideranças trabalham juntos para diminuir o gap entre necessidade e candidatos disponíveis. No fim das contas, trata-se de humanizar os processos para nos concentrarmos em gente de verdade que, diferentemente de unicórnios, existem e estão aí disponíveis no mercado.
Gabrielle Teco, head of Marketing & People na GESTO Jornalista de formação e curiosa por convicção, escrevo e dou palestras sobre coisas que me interessam: de alimentação saudável a empreendedorismo, pois essa diversidade me instiga e diz muito sobre mim. Técnica em Nutrição, pós-graduada em Marketing, trabalhei por quase dez anos em startup, passei pelas melhores universidades do país e já vivi uma experiência incrível em Stanford. Desde 2017 assumi novos desafios na GESTO, scale-up com o selo Endeavor, e estou amando trabalhar por um propósito incrível: trazer sustentabilidade para o setor privado de saúde no Brasil!