[vc_row][vc_column][vc_column_text]Escrito por Claudia Lisboa – sócia diretora da Eleve Consulting.
Iniciei minha vida profissional aos 17 anos como monitora em uma escola de informática em Belém do Pará. Aliás, era a única escola da região Norte nos idos de 90. Comecei como aluna, mas logo me destaquei e fui convidada a exercer o papel de monitora, e dali foi um pulo para atuar como professora. Na sequência trabalhei na secretaria, tesouraria e administração. Assim que a filial da escola foi aberta recebi a promoção à Gerente de Unidade por ter os conhecimentos de todas as principais áreas da instituição.
Foi uma carreira meteórica! E é assim que vemos até hoje em TI. Via de regra, as carreiras dos profissionais da área são alavancadas de forma muito rápida, e já naquela época, início da “revolução tecnológica” no Brasil, não foi diferente comigo.
Dessa forma, aos 20 anos, pela primeira vez tive oportunidade de assumir uma equipe que era composta 100% por homens, pessoas mais velhas e mais experientes que eu. E o que faz uma jovem que já acha que sabe tudo sobre o negócio e assume uma equipe? Pior que isso: o que faz uma jovem que assume a responsabilidade de gerenciar outras pessoas, sem ter sido preparada para tal desafio? Eu respondo: $%@*&+!#!
Resolvi compartilhar essa experiência não tão bem-sucedida da minha vida profissional porque acredito que de fato são com as experiências malfadadas que mais aprendemos. O irônico é que no momento em que vivemos essas situações, a maioria de nós não tem o vislumbre de como aquele fato nos ajudará, não é verdade? Foi nessa época que aprendi a fazer a pergunta que virou meu mantra pessoal, e hoje quando alguma experiência ruim acontece, eu a faço para mim mesma, para meus liderados, coachees e até para os meus amigos: “Qual foi o aprendizado?”.
Foram muitos erros que cometi ao “liderar” minha primeira equipe, portanto, resolvi listar o TOP FIVE:
Top 1: Não ouvia a equipe
Para poder me autoafirmar, e pelo fato de ser a mais jovem e a única mulher, eu costumava não dar ouvidos para o que a equipe sinalizava ou opinava, então fazia exatamente o contrário, e é lógico que algumas vezes me dava bem, mas eram poucas.
Top 2: Não pedia ajuda
Esse erro está interligado ao Top 1, pois ao não ouvir os mais experientes, errava, e ao errar, não pedia ajuda à equipe e muito menos aos meus pares. Lógico, ficava batendo cabeça por semanas para solucionar um problema que poderia ter sido resolvido em poucos dias ou horas.
Top 3: Criticava as pessoas em público
Ao surpreender alguém fazendo algo errado ou de forma imprópria segundo meu ponto de vista, sinalizava na mesma hora, onde quer que fosse e na presença de qualquer um. Isso causava constrangimento para quem era advertido e o clima não ficava nada amigável.
Top 4: Não dava e nem pedia feedback
Eu não dava feedback positivo e muito menos feedback estruturado, primeiro porque nem sabia que isso era necessário e segundo porque de forma inconsciente tinha medo do que poderia ouvir deles. Algumas pessoas até tentaram me dar feedbacks, mas como eu tinha grandes dificuldades em ouvir qualquer membro da minha equipe, abstraía tudo.
Top 5: Usava o autoritarismo para alcançar os resultados
Como eu percebia o ambiente e as pessoas com hostilidade, me comportava de forma hostil e agia de maneira impositiva ao pedir algo para equipe, sempre dando ordens e sem perguntar se alguém tinha alguma ideia melhor que a minha e/ou se discordavam de algo. Ordenava e queria que fosse cumprido rapidamente e sem questionamentos. Lembro muito que eu falava: “Faz porque eu estou mandando!”.
Você que está lendo este artigo e quase “carta de confissão” deve estar pensando: “Trabalhar com essa mulher era o inferno na terra!”. E infelizmente, tenho que concordar que era, pois os números do turnover e pedidos de transferência para a matriz da escola não deixavam dúvidas disso. Quanto aos resultados, sem dúvida cheguei aonde queria. Seis meses após a inauguração, a filial já representava mais de 60% das matrículas da escola e o nível de satisfação dos alunos chegava a 70% de aprovação.
Está tendo um déjà vu? Já viu e/ou ouviu essa história em algum lugar? Ou você já foi o protagonista de uma história igual? Eu sei que minha história é muito parecida com milhares de outras de pessoas que assumiram uma equipe sem ter nenhuma maturidade, autoconhecimento ou muito menos uma preparação. Infelizmente, ainda temos muitos gestores nas organizações mundo afora assumindo pela primeira vez uma equipe sem nenhum tipo de preparo. Quanta perda de tempo, quanta perda de talentos e quanta perda de eficiência!
Bom, mas como falei, foquei em aprender com toda e qualquer ocasião, e os aprendizados que obtive dessa experiência foram:
1) Um gestor não pode se intitular líder só porque é detentor de conhecimentos técnicos, porque isso não o capacita para liderar pessoas;
2) O autoconhecimento é tudo para quem vai gerenciar pessoas. Seja líder de si para depois pretender liderar alguém!
3) Os motivos que lhe levaram a uma promoção não lhe sustentarão no próximo step. Esvazie o copo e, antes de aceitar a promoção, tente entender melhor quais as habilidades que serão cobradas de você no próximo level;
4) Peça ajuda! De preferência eleja um mentor, alguém mais experiente que você para lhe orientar nesse desafio que é a primeira gestão;
5) Ao assumir uma equipe, conheça cada integrante. E quando eu digo conheça, eu digo CONHEÇA a história deles, os talentos e as expectativas. Sem o trabalho em equipe você não irá muito longe e, se for, deixará sua saúde física e mental pelo caminho.
Obrigada, primeira equipe, por tudo que me ensinaram e mil desculpas por tudo que fiz de errado e não fiz de correto! Vocês me ensinaram a me tornar um ser humano melhor e me prepararam para as outras equipes que tive o privilégio de verdadeiramente liderar.
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