[vc_row][vc_column][vc_column_text]Em 2005, o jornalista e colunista do jornal The New York Times Thomas Friedman já dizia: o mundo é plano. A Internet já era uma realidade e as perspectivas abertas por esse novo tipo de comunicação, além do armazenamento de dados e da globalização, indicavam o fim das fronteiras e a proximidade cada vez maior entre as pessoas e suas culturas.
Sete anos depois de publicar O mundo é plano (Ed. Objetiva), Friedman escrevia seu livro seguinte: Éramos nós – A crise americana e como resolvê-la (Ed. Companhia das Letras) e a primeira coisa que fez foi revisitar o livro anterior. Então ele se deu conta de que, em 2005, não havia Facebook, Twitter, iPhone, Kindle, Android. Tudo isso, inclusive, surgiu ao mesmo tempo, no mesmo ano: 2007. A nuvem, brinca ele em uma conferência para alunos da Morgan State University, em Baltimore, ainda estava no céu e só surgiria alguns anos depois.
Para o jornalista, “estamos no meio de um dos grandes pontos de inflexão tecnológicos desde que Gutenberg inventou a imprensa”. Mas o impacto dessa invenção levou mais de 200 anos para se propagar pelo mundo. Hoje, em menos de 20 anos, o salto na forma como a informação é produzida e transformada em produto é comparável ao impacto da prensa de tipos móveis de Gutenberg. O mundo está cada vez mais plano – e cada vez mais rápido.
Segundo ele, estamos entrando no que o pesquisador do Massachussets Institute of Technology Andrew McAfee chama de “segunda metade do tabuleiro de xadrez”. Diz a história que o homem que inventou o xadrez apresentou sua invenção ao rei que, muito impressionado, perguntou o que ele queria em troca como recompensa. O homem respondeu: “Só preciso do suficiente para alimentar minha família”. E explicou para o rei que ele podia começar com um grão de arroz na primeira casa do tabuleiro e ir duplicando a quantidade de grãos a cada casa. Em princípio, não parece muita coisa. Após a metade, porém, a progressão geométrica já resultou em uma quantidade imensa de grãos. A uma razão de 64, número de casas do tabuleiro, estamos falando de uma quantidade de arroz que daria para alimentar todo o planeta.
Se a capacidade de processamento do chip dobra a cada dois anos, como prevê a Lei de Moore, Friedman lembra que agora estamos entrando na segunda metade do tabuleiro, uma vez que o crescimento é exponencial – daí o conceito de “crescimento exponencial” explorado pelos pesquisadores da Singularity University para definir a forma como a tecnologia se desenvolve atualmente.
Um dos principais resultados dessa nova realidade é a substituição das pessoas por máquinas na realização de uma série de tarefas. Segundo Friedman, durante muito tempo os empregos de nível médio foram suficientes para garantir a prosperidade da classe média americana, que tinha acesso a moradia, educação e a um nível de consumo adequado aos padrões do “American way of life”.
É justamente esse tipo de emprego que está desaparecendo. “Hoje é possível que estejamos falando do último motorista de táxi, do último campeão humano de xadrez, da última recepcionista de hotel…”, afirmou aos alunos.
Que conselhos dar a um aluno que está prestes a deixar a faculdade sobre como se virar no mundo de hoje? Friedman tem cinco conselhos para sobreviver na segunda metade do tabuleiro:
1. Pense sempre como um imigrante recém-chegado, que sabe que precisa cavar seu espaço com mais empenho do que qualquer outro. “Os imigrantes são otimistas paranoicos – acreditam que têm chance e vão atrás, mas sabem que podem perder tudo a qualquer momento”, afirmou.
2. Crie coisas únicas, que mereçam sua assinatura: assim como os artesãos da Idade Média, que produziam itens individuais – sapatos, pratos, cintos, vasilhas – e gravavam neles suas iniciais, hoje o diferencial está nas coisas únicas. Faça coisas de que você se orgulhe.
3. Esteja sempre em versão beta: “Se você acha que é uma pessoa pronta e acabada, você está acabado”. Beta é o estado de desenvolvimento da indústria de tecnologia, em que o produto é lançado 85% pronto, aí a comunidade dá feedback, são lançadas versões melhores, e assim por diante. Nós também precisamos ter consciência de que nunca estamos prontos. Hoje somos todos versões beta de nós mesmos.
4. QP + QC > QI. Os quocientes de paixão e de curiosidade juntos têm muito mais valor no mundo de hoje do que o QI. Inteligência e pensamento lógico funcionam muito melhor associados a paixão e curiosidade, que sozinhos já são muito valiosos especialmente no mercado de tecnologia.
5. Sempre pense como a garçonete da Perkins Pancake House, em Minneapolis, restaurante favorito de Friedman. Certa vez, o jornalista e um amigo estavam tomando café da manhã por lá. Quando a garçonete trouxe os pratos, comentou: “Coloquei um pouco de fruta extra para vocês”. Esse, segundo o jornalista, é um pensamento empreendedor: a garçonete tinha pouco poder, mas usou o que tinha a seu dispor para ir além. “Só pensando de forma empreendedora é que teremos espaço para todos.”
Nota do editor: Consagrado autor, jornalista e colunista do The New York Times, vencedor de três prêmios Pulitzer (considerado o maior prêmio do jornalismo nos EUA) e autor de seis best-sellers, Thomas Friedman estará pela primeira vez na HSM ExpoManagement, de 7 a 9 de novembro, em São Paulo. Para saber mais clique aqui.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]